The Imaginarium of Doctor Parnassus (2009)
"Can you put a price on your dreams?"
The Imaginarium of Doctor Parnassus não constitui qualquer excepção do que o realizador Terry Gilliam nos habituou: é um filme estranho, curioso, não linear, longo e não é para todas as pessoas. No entanto é admirável , brilhante, original e soberbo.
O filme conta a história de Doctor Parnassus (Christopher Plummer) , um contador de histórias com mais de mil anos. O seu pequeno espectáculo percorre as ruas de Londres, e leva aos seus espectadores a passarem por um espelho mágico para explorarem as suas imaginações e sonhos, que Parnassus utiliza para ganhar almas. As almas fazem parte de uma série de apostas consecutivas que Parnassus fazia com Mr.Nick (Tom Waits), uma personificação do Diabo. No entanto, há um terrível segredo que Parnassus esconde: uma aposta que lhe concedeu a imortalidade, mas quando se apaixonou trocou-a por juventude. Com isso, o Diabo quis algo em troca: se Parnassus tivesse um filho, quando este atingisse os 16 anos, Mr.Nick poderia reclamá-lo como seu. Parnassus teve de facto uma filha, Valentina (Lily Cole), que anseia fugir da vida que leva, e que está perto dos seus 16 anos . O desespero toma controlo de Parnassus, levando-o a fazer outra aposta com Mr.Nick : o primeiro a ter cinco almas fica com Valentina. Contudo, vivem-se dias em que a modernidade está acima de tudo, e que se rejeita qualquer indício de retrocesso dos tempos, pelo que o espectáculo de Doctor Parnassus não atrai muita gente.Ao salvarem o enigmático Tony (Heath Ledger) da morte por enforcamento numa ponte, a aposta das cinco almas parece ser mais fácil de ganhar, devido ao estranho encanto do homem que salvaram. Valentina sente-se atraída por Tony, para desagrado de Anton (Andrew Garlfield ), que esteve sempre apaixonado por ela. Porém, Tony também tem os seus segredos.
É inegável dizer que Gilliam não é muito compreendido. A imaginação deste realizador apodera-se do filme, acabando por ser um filme teoricamente incompreendido. Este não é linear, e alguns elementos-chave da história não são explicados claramente até à segunda hora de filme, e mesmo assim nunca é muito coerente. Esses elementos-chave ficam por ser explicados. Creio que o filme resultaria melhor se de facto a história fosse mais clara. Terry Gilliam explora o poder da imaginação, fantasia e histórias muitíssimo bem . Porém, a acção é confusa, misturada com uma narrativa um pouco forçada mas consistente, que relata a verdadeira história: o que acontece quando o poder de contar histórias deixa de existir, contrastando com a nossa realidade. A ideia que são as histórias contadas que seguram o universo é magnífica, mexendo com o nosso subconsciente. São pequenos grandes pormenores como este que nos fazem esquecer que o filme falha na clareza da história.
Outro grande pormenor é a dinâmica visual. Os efeitos neste filme são de maravilhar, tem um impacto visual muito bom. Cores, formas, padrões, emblemas, espelhos,simetrias, tudo. É um festival visual muito rico. É exactamente como num sonho (parece a imaginação e sonhos do realizador), nada tem sentido, onde imperam formas que são desfiguradas. No entanto, é lindo de se ver. Aconselhava irem ver ao cinema, pois o impacto é maior quanto maior for o ecrã.
Terry Gilliam foi muito inteligente e conseguiu contornar a morte de Heath Ledger muítissimo bem. Contratou Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell para darem continuidade à personagem. Foi muito interessante ver como Gilliam adaptou o trágico incidente de Ledger no filme. Cada vez que Tony entra no espelho, muda de face. Não é bem explicado porquê, mas resultou muitíssimo bem. Os 3 foram magníficos, conseguiram captar bem o estilo do Heath Ledger, mas adicionando algo próprio de cada um.
É impossível não ter em linha de pensamento que este foi o filme que Heath Ledger morreu a fazer, filme que sucedeu o seu desepenho soberbo de Joker em Dark Knight. É até conhecido como "o último filme de Heath Ledger", e levou muita gente às salas de cinema por essa razão. Podem sentir-se desiludidos se pensarem que vão ver uma performance género Dark Knight ou Brokeback Mountain. As pessoas vão na expectativa de verem um Heath Ledger magnífico que supera todos os papéis que já desempenhou, por ser o último. Depois sentem-se desiludidas; ora, Heath Ledger não sabia que seria o último papel dele, portanto não tinha obrigação nenhuma de nada. No entanto, admito que esperava melhor, mas esteve bem. Christopher Plummer, esse magnífico senhor, também esteve muito bem como Doctor Parnassus. Lily Cole como Valentina foi uma surpresa, porque esperava uma performance no mínimo má, sinceramente. Foi forte e credível. Os restantes actores também foram bons, no entanto achei que Tom Waits como Mr.Nick estava a pisar na linha do irritante; no entanto, cada vez que ele aparece, uma músiquinha de blues/jazz acompanhava-o, o que dava um toque genial.
Mais uma vez, tentei ser o mais objectiva possível, no entanto amei o filme!
Verdadeiros cinematófilos, vejam-no. É uma experiência única, uma viagem pelo nosso cérebro. Mesmo com algumas falhas e aspectos incontornávelmente negativos, adorei o filme. Rico em talento, algum humor negro, efeitos especiais e excelentes ideiais. Aconselho vivamente para aqueles que gostam da arte do cinema.
EXAME
Realização: 8/10
Actores: 9/10
Argumento/Enredo: 7/10
Duração/Conteúdo: 6.5/10
Efeitos/Fotografia: 10/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 6/10
Média Global: 7.8/10
Crítica feita por Joana Queiroz
Informação
Título em português: Parnassus - O Homem que queria enganar o Diabo
Título Original: The Imaginarium of Doctor Parnassus
Ano: 2009
Realização: Terry Gilliam
Actores: Christopher Plummer, Heath Ledger, Johnny Depp, Jude Law, Colin Farrell
Trailer do filme:
1 comentários
Boa critica.
ResponderEliminarQuanto ao filme, é bastante bom, mas ao mesmo tempo deixa algo a desejar.É do tipo de filmes que nos deixa a pensar em tudo um pouco,que nos faz pensar mais seriamente da veracidade e importancia de um sonho, de uma história, de um pensamento, etc.
Concordo plenamente quando é dito que não é um filme para todo o tipo de pessoas ou gostos.
O filme é realmente interessante graças ao conjunto de mistérios que nele são impostos e pela própria falta de clareza ao longo da história, que deixa sempre uma pulginha atrás da orelha.
Apela muito à imaginação de cada um, o que faz com que seja bastante dinamico.
É bastante grande, arriscaria dizer que talvez até grande de mais, devido à mistura complexa de histórias individuais que são englobadas na história do filme.
Concordo também em relação à belíssima forma como contornam o incidente de Heath Ledger.
Julgo, que assim até embelezaram a personagem, pois na minha opinião, visto que se pode concluir por fim, que a personagem era um autentico vigarista que tal como diz "mente com todos os dentes que tem na boca", ao entrar no espelho, e misturando uma pitada da sua imaginação, personalidade, desejos e vontade própria, á restante já presente da pessoa a quem tentam tomar a alma, assume sempre formas(caras) diferentes, realçando a sua verdadeira personalidade "vira-casacas".
Achei a personagem Mr. Nick muitissimo bem caracterizada e representada.
Por último, ninguém se deveria atrever ao dizer que, como sendo o último filme de Heath Ledger deveria ser algo de espetacular. Ninguém, muito menos ele próprio, saberia que iria morrer e para quando ficaria essa data marcada, esteve muito bem, talvez não fosse uma personagem que lhe encaixa-se tão bem como "Joker" por exemplo, ou que fizesse com que se destaca-se, mas esteve á altura, chegando a superar muitas espectativas.
Recomendo o filme.
Continuem assim =)