Gattaca (1997)
By Jota Queiroz - quinta-feira, agosto 04, 2011
"Only one criterion : genetic perfection"
Gattaca - um dos meus filmes favoritos; não só é um dos melhores filmes de ficção científica dos anos 90, como também reúne uma série de características que o colocam num lugar inatingível para os demais: um argumento impecável, magníficas cenas coerentes e pormenorizadas e um elenco de luxo.
Num futuro não tão distante, os avanços tecnológicos e científicos tornaram possível a concepção do ser perfeito, in vitro. Assim, os pais podem escolher as características que querem ver nos filhos, desde a resistência, inteligência, etc, e erradicando qualquer tipo de doença. Esses “seres perfeitos” são considerados os Válidos, enquanto todos os que nasceram de forma biológica são os Inválidos. Vincent Freeman (Ethan Hawke) nasceu de forma biológica, e logo na sua nascença foi possível determinar que seria um indivíduo bastante doente. O seu sonho de se tornar astronauta parecia ser impossível, devido a insuficiência cardíaca, uma esperança de vida de 30 anos, e viver numa sociedade em que só os humanos “válidos” têm regalias.Disposto a tornar-se um astronauta da corporação Gattaca, ele elabora uma estratégia: compra os genes perfeitos de um jovem acidentado Jerome (Jude Law) e consegue transformar-se nele. Vincent está perto de alcançar o seu sonho, mas o assassinato do director de Gattaca complica tudo. Conseguirá Vincent esconder a sua identidade de Inválido?
A história está muito bem conseguida, a mensagem transmitida é bastante clara: nada é impossível, mesmo dentro da “ditadura” que a Ciência parece impor; aliás, não há gene para o destino. É uma história sobre a persistência e a esperança, dentro de uma sociedade delineada pelo imperativo genético.
O filme foi escrito e realizado por Andrew Niccol, e este fez um magnífico trabalho. O realizador pensou em diversos pormenores em todas as cenas: as cenas das trocas de material genético entre Vincent e Jerome estão imaculadas; a cena em que Vincent e o irmão Válido disputam a nado é completamente comovente, como se de uma experiência espiritual se tratasse. Andrew Niccol pensou em tudo isso e muito mais, de modo a nos transmitir a sua mensagem. Até o título do filme, Gattaca, é baseado nas bases azotadas do DNA.
Gostei imenso da separação das “classes sociais”, os Inválidos e os Válidos: os filhos de Deus e os filhos da Ciência. Andrew Niccol explora isto muito bem, contrapondo a engenharia genética/eugenia social com o acaso da natureza/”impurezas” genéticas. É neste dualismo do acaso/planeamento que o filme ganha forma. Outro paradoxo interessante é o apelido da personagem principal que, sendo um Inválido condenado pelo seu código genético, é Freeman (homem livre).
O filme foi escrito e realizado por Andrew Niccol, e este fez um magnífico trabalho. O realizador pensou em diversos pormenores em todas as cenas: as cenas das trocas de material genético entre Vincent e Jerome estão imaculadas; a cena em que Vincent e o irmão Válido disputam a nado é completamente comovente, como se de uma experiência espiritual se tratasse. Andrew Niccol pensou em tudo isso e muito mais, de modo a nos transmitir a sua mensagem. Até o título do filme, Gattaca, é baseado nas bases azotadas do DNA.
Gostei imenso da separação das “classes sociais”, os Inválidos e os Válidos: os filhos de Deus e os filhos da Ciência. Andrew Niccol explora isto muito bem, contrapondo a engenharia genética/eugenia social com o acaso da natureza/”impurezas” genéticas. É neste dualismo do acaso/planeamento que o filme ganha forma. Outro paradoxo interessante é o apelido da personagem principal que, sendo um Inválido condenado pelo seu código genético, é Freeman (homem livre).
A performance dos actores é simplesmente brilhante. Ethan Hawke está verdadeiramente fantástico, no papel de alguém cuja vida é limitada imediatamente à nascença. Jude Law consegue aqui uma performance digna e imbatível, das melhores da sua carreira.Uma Thurman e o veterano Alan Rickman são muito competentes e credíveis.Especial destaque para a banda sonora do compositor Michael Nyman. É uma banda sonora instrumental e fenomenal, que se coaduna com o espírito do filme.
Em suma, Gattaca constitui um dos melhores e mais inteligentes filmes de Sci Fi, que conta com um magnífico elenco e argumento. Só posso deixar aqui a minha recomendação obrigatória a todos. É um filme que vos deixará a pensar e que dispensa de qualquer tipo de efeitos especiais ou explosões para de facto ser um clássico de ficção científica.
EXAME
Realização: 9/10 Actores: 9/10
Argumento/Enredo: 9/10
Duração/Conteúdo: 8/10
Banda Sonora: 8/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 9/10
Média global: 8.6/10
Crítica feita por Joana Queiroz
Informação
Título em português: Gattaca
Título original: Gattaca
Ano: 1997
Realização: Andrew Niccol
Actores: Ethan Hawke, Uma Thurman, Jude Law, Alan Rickman, Gore Vidal
Trailer do filme:
6 comentários
Este filme é altamente recomendável e fico contente por ver uma crítica dele aqui.
ResponderEliminarCumprimentos
Obrigada pelo comentário e sim, é mesmo recomendável :)
ResponderEliminarÉ um filme que me surpreendeu imenso. Além das questões éticas, mostra o que o Homem está disposto pelos seus sonhos.
ResponderEliminarAbraço
Frank and Hall's Stuff
Adorei o filme.
ResponderEliminarFica também o elogio à critica, gostei.
@ Bruno Cunha: É verdade, não só tem as questões éticas pertinentes mas também a mensagem de que tudo é alcançável :)!
ResponderEliminar@ André: Muito obrigada pelo comentário !
Acabei de ver o filme e adorei. É mesmo um sci-fi que foca a sua história mais em pessoas e na dualidade do humano e do artificial, assim como da perfeição (que é uma forma de criação de expectativas à nascença, que em si é um prisão)e da espontâneidade da "condição natural", que é o núcleo da condição humana e que nos torna tão imprevisíveis, que até nos surpreendemos a nós mesmos diariamente.
ResponderEliminarA banda sonora, os actores, a realização (ainda para mais de um estreante) estão todas impecáveis, como apontaste.
Só um reparo, Joana: na crítica falas da performance de Alan Rickman. Não quererias antes referir-te a Alan Arkin, que interpretou o veterano Detective Hugo?
Muito boa análise, as always.