The Dark Knight Rises (2012)
By Rodrigo Mourão - quinta-feira, agosto 02, 2012
Mais um filme bom para o género, mas com umas falhas no argumento que o impedem de ser o final desejado e o melhor da trilogia...
Estreio-me neste blog acabadinho de chegar do cinema para analisar o filme mais aguardado do Verão e um dos mais aguardados do ano- The Dark Knight Rises. Christopher Nolan revolucionou como nunca o nível de realismo e profundidade a que as películas de super-heróis podiam aspirar, não deixando de ser também filmes de entretenimento. The Dark Knight Rises é o culminar de uma viagem iniciada há 7 anos pelo realizador/argumentista com "Batman Begins". Se o primeiro filme criou toda uma origem sólida e um leque de personagens cativantes para a lenda do Cavaleiro Negro, então a sua sequela de 2008 brindou-nos com um dos melhores vilões (e prestações!) de sempre- o Joker- que nos mostrou a linha ténue existente entre a luz e a escuridão, uma contraposição nunca explorada de forma tão brilhante e crua num filme deste género. Estas obras sempre procuraram ser mais do que as suas predecessoras, mas consegue o capítulo final responder às expectativas criadas?
A história do filme começa quando Batman (Christian Bale) já não é visto em Gotham City há oito anos. Depois de assumir a morte do procurador Harvey Dent, o Cavaleiro das Trevas passou de herói a vilão. Mas tudo muda quando aparece Bane (Tom Hardy), um terrorista mascarado disposto a tudo para destruir Gotham City, levando Batman a abandonar o exílio. Pelo meio surge uma gata de mãos leves, Selina Kyle (Anne Hathaway).
Começo desde já por dizer que o filme é bom (não estivéssemos nós a falar de um filme de Nolan...) mas desilude em alguns aspectos, o que o impede de ultrapassar os dois anteriores e de ser o melhor capítulo da trilogia.
Focando-me nos pontos positivos começo logo por Tom Hardy e a sua interpretação de Bane (a cena inicial do avião está espectacularmente realizada)! Apesar do exagero de efeitos que lhe puseram na voz, Bane consegue ser dos melhores vilões alguma vez presentes num filme de Batman: tem um objectivo muito bem explicado e um plano meticulosamente pensado para o concretizar; a sua voz é calma e no entanto sentimos o terror e a escuridão da sua pessoa só pela sua presença e pelo seu olhar (aqui sem dúvida que uma imagem vale mais do que qualquer palavra poderia explicar...); ele é o derradeiro desafio para Batman, pois tem a mente de um estratega e o corpo de um colosso! Na minha opinião, a visão de Nolan e a prestação de Hardy até conseguiram tornar Bane superior a Joker, pois trata-se de uma personagem muito mais humana/autêntica e profunda. Joker é a anarquia em pessoa, mas Bane é o caos necessário antes do renascimento. Anne Hathaway dá-nos uma Catwoman tão boa quanto a de Michell Pfeiffer e está simplesmente deslumbrante tanto nas cenas de acção como nos diálogos. Adorei o aparecimento da sua personagem e a relação que desenvolve com Batman. O pormenor dos óculos do seu fato formarem as orelhas de um gato quando virados para cima é simplesmente genial! Christian Bale dá-nos mais daquilo a que já nos habituou: um Batman sólido e um Bruce Wayne tão interessante quanto o morcego. Gary Oldman continua o melhor James Gordon de sempre. Michael Caine (Alfred) tem poucas cenas neste último filme, mas sem dúvida que proporciona os momentos mais sentidos do mesmo... enfim, que dizer... é mesmo um actor de topo. A relação de Alfred e Bruce nunca seria a mesma sem ele... A prestação de Marion Cottilard como Miranda Tate também foi bastante boa, mas não consigo parar de pensar que a sua personagem e a sua relação com Bruce Wayne caiem no enredo do filme muito de rompante e podiam estar melhor explicadas.
O argumento está muito bem estruturado e são muito bem conseguidas as ligações com pontos estabelecidos nos filmes anteriores, principalmente o primeiro. Percebe-se mesmo que os irmãos Nolan e David S. Goyer quiseram retomar o ciclo e confrontar Batman com questões que ele se recusou a aceitar quando tomou a decisão de combater o crime e a injustiça, estando também em jogo mais do que nunca, tanto para Gotham como para o herói. O filme tem 2 horas e 44 minutos, tornando-o o filme mais longo de sempre tanto de Batman como de Nolan, mas com tanto que tem para mostrar acaba por não se dar muito pelo tempo passar. Enfadonho é que não é de certeza...
A montagem de som e a banda sonora são, mais uma vez, de topo! Apesar de não ter James Newton Howard a ajudar (e a banda sonora só não é melhor do que a das histórias anteriores por falta de temas mais dramáticos e humanos que eram o campo deste compositor), Hanz Zimmer conseguiu manter o geral da atmosfera dos antigos filmes, assim como subtilmente introduzir novos temas cantados em coro que tanto simbolizam o caos de Bane e de Gotham, assim como o renascimento de Batman para poder impedir Bane. Ligada com momentos de total silêncio mutíssimo bem conseguidos, o som conduz magistralmente o filme e mantém-nos sempre à espera de mais!
Visualmente o filme tem uma fotografia lindíssima e efeitos especiais estrondosos... mas talvez tente ser visual de mais. Um dos pontos negativos é o excesso de efeitos e acrobacias nalgumas cenas de acção... É um aspecto a ter cuidado quando se tenta fazer um filme supostamente realista apesar de baseado numa banda desenhada, até porque diminui por completo o impacto emocional de tudo o que está a acontecer à volta...
O próprio final desiludiu-me... Não querendo revelar nada, sinto que guardaram muitas revelações para os últimos 20 minutos e que o "desfecho" encontrado para Batman e para Bruce Wayne não foram os melhores, principalmente com o estado de coisas em Gotham... Algumas das últimas cenas caiem em clichés completos que estragam alguma seriedade que se procurava (a sério que não esperava isso vindo de alguém como Nolan...). No entanto deixa um final aberto que, ao mesmo tempo que "concluí a lenda" de Batman, permite a perpetuação do seu legado pois, tal como Bruce Wayne diz, "Batman is a symbol".
Em suma: estamos perante um bom filme, com óptimas prestações, um dos melhores vilões de sempre, um argumento cheio de referências, uma banda sonora óptima como de costume, mas também algumas cenas de acção irrealistas e alguns clichés que o impedem de ultrapassar os anteriores e de ser excelente. Não era a conclusão que esta história merecia, mas é sem dúvida mais uma obra superior ao seu género, que tem que ser vista e que marca uma das melhores trilogias de sempre.Veremos o que o futuro reserva para os próximos filmes de super-heróis, como Man Of Steel.
NOTA: Hoje (madrugada de 02/12/12), depois de rever o filme, vejo-me obrigado a reanalisar esta crítica feita dia 1/08/12, descendo a nota do filme do inicial 8.6 para 8 . Isto prende-se com plot holes tais como o facto de Bruce conseguir fugir da prisão no meio de nenhures e regressar a uma Gotham em caos, onde supostamente ninguém conseguia entrar nem sair; a reviravolta existente perto do fim, que não é suportada pela personagem Miranda Tate, que mal foi desenvolvida no filme, não tendo muito interesse (mais valia terem mantido o foco no Bane, pois a estrutura da narrativa consolidava melhor essa posição, para além deste vilão ter muito mais desenvolvimento e interesse); a maneira como o vilão Bane é "despachado", que é tão inglória e "sem sal"; mais uma vez o destino que é dado à personagem Batman/Bruce Wayne, que cai num completo cliché que não esperava por parte de Christopher Nolan (seria completamente admissível noutro qualquer filme de estúdio sobre superheróis, mas não nesta trilogia com aquilo que Nolan já tinha conseguido evoluir...). Mas bem, isto é a minha opinião lá está. Muitos não esperavam mais, outros gostam daquele tipo de final e outros também os há, que gostam daquele tipo de reviravoltas (que eu acho que, objectivamente, não é suportada pela narrativa nem pela personagem).
EXAME
Realização: 8.5/10
Actores: 9/10
Argumento/Enredo: 7.5/10
Duração/Conteúdo: 7.5/10
Banda sonora: 8/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 8/10
Realização: 8.5/10
Actores: 9/10
Argumento/Enredo: 7.5/10
Duração/Conteúdo: 7.5/10
Banda sonora: 8/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 8/10
Média Global: 8/10
Crítica feita por Rodrigo Mourão
Crítica feita por Rodrigo Mourão
Informação
Título em português: O Cavaleiro das Trevas Renasce
Título Original: The Dark Knight Rises
Ano: 2012
Realização: Christopher Nolan
Actores: Christian Bale, Tom Hardy, Anne Hathaway, Morgan Freeman, Michael Caine, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt e Marion Cottilard
Título Original: The Dark Knight Rises
Ano: 2012
Realização: Christopher Nolan
Actores:
Trailer do filme:
VER TAMBÉM:
The Dark Knight (2008), por Joana Queiroz
6 comentários
Uma Catwoman tão boa quanto a de Michell Pfeiffer?! Humm dificil!!! Tenho que ver isso.
ResponderEliminarValeu a pena aguardar, embora The Dark Knight Rises não seja superior ao The Dark Knight , ao menos Nolan elevou o conceito do super-herói em meu conceito. Disparado como as melhores adaptações de HQ´s. Espero que no suposto reboot ou continuação como sugeriu o final, reconheçam o esforço de Nolan e tentem fazer o mesmo com bom senso.
ResponderEliminarAbraço
O Blog esta ótimo!
Concordo com alguns pontos, mas certamente a Anne H. não consegue igualar a Michelle...precisaria de mais perícia com oactriz e sobretudo mais tempo para desenvolver a sua personagem que, embroa não seja má, é bastante bidimensional. Boa crítica, de qualquer das formas, e parabéns pela estreia na blogosfera ou neste espaço.
ResponderEliminarcumprimentos,
cinemaschallenge.com
Rodrigo, concordo com alguns aspectos na tua crítica, mas o final não me desiludiu; de certa maneira era um final que esperava e que nem desgostei de todo.
ResponderEliminarRealmente o argumento está mesmo muito bem estruturado e são excelentemente bem conseguidas as ligações com os filmes anteriores.
Eu adorei o filme, só não digo que ultrapassa o segundo (dado ser o meu filme favorito), mas para derradeiro capítulo está bom e não esperava mais.
Ultrapassar, qualitativamente, The Dark Knight, iria ser uma tarefa difícil e, apesar de não o conseguir, nem foi no vilão que esteve o seu insucesso. Foi, a meu ver, no argumento, para o bem e para o mal.
ResponderEliminarAbraço
Frank and Hall's Stuff
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