[•REC]³: Génesis (2012)
By Jota Queiroz - segunda-feira, agosto 20, 2012
A génese de um outro filme fora da saga REC.
REC 3 era, possivelmente, dos filmes mais esperados do ano, especialmente devido às expectativas criadas após o final do segundo filme. O que terá acontecido a Angela Vidal? Porém, mal saiu o trailer, as minhas esperanças foram completamente por água a baixo, pois foi perceptível que a história não tinha rigorosamente nada a ver com o anterior, ou pelo menos não seria o seu seguimento. Mas como não gosto de ter ideias pré-concebidas, e não sendo uma criatura naturalmente malvada, vi o filme de modo bastante receptivo. Com receio de já ser conclusiva, devo dizer que o filme roça o péssimo em diversos aspectos, se não mesmo a nulidade, e é uma mancha na saga que outrora apreciava, pois conseguiu pegar, escassamente, nos elementos dos filmes anteriores, e atirá-los para o lixo. O terceiro capítulo da franquia falha em manter a tensão alta de forma consistente, da maneira brilhante que os dois primeiros filmes conseguiram. Mas convém ir por partes antes de afirmar que REC 3 é a personificação do defeito cinematográfico.
O subgénero mockumentary está a tornar-se muito popular e temos a demonstração disso através das franquias REC e Paranormal Activity. Só que em REC 3: Génesis, o realizador Paco Plaza (desta vez sozinho pois Jaume Balagueró e Paco Plaza resolveram dividir esforços para encerrarem a franquia) decidiu ceder ao estilo de câmara objectiva e cinema comercial. Terá sido uma ideia acertada? Logo aí apresenta-se a primeira grandessíssima falha desta película. Sinceramente não creio que o subgénero que consagrou a saga REC se encontre esgotado, e por essa mesma razão, achei completamente ridícula esta transição, pois despersonalizou por completo o filme. Se bem que haja quem considere que esta transição poderá apresentar uma nova abordagem ao filme e é uma lufada de ar fresco. Discordo por completo, pois o estilo found footage é que conferia aquele toque de realismo e credibilidade que colocava o espectador muito mais em cima do acontecimento. E isso é que tornava o filme aterrador. Para além deste ponto fulcral de dissociação, são ainda escassas as referências ao filmes anteriores e parece mesmo que nos deparamos com um filme de zombies autónomo bastante fraco. Quem criticou o segundo com certeza que agora o verá com olhos diferentes, pois ao menos REC 2 apresentava um seguimento e tinha história de base. Porque o principal problema em REC 3 é a nível substancial. Tem logo uma falha de base, não há um guião ou um argumento suficientemente bem estruturado e forte. E não é por ser simples que é mau, atenção. Há bastantes filmes com premissas simples muito bem sucedidas. Mas quando o simples significa nada, aí é que o caso muda de figura. Porque nada neste filme apresenta novidade, não vem trazer rigorosamente nada de interessante a esta saga. Acho que a palavra "desnecessário" é a melhor que qualifica REC 3: Génesis.
A maior parte da história passa-se na mesma linha temporal dos primeiros dois filmes (o que acho sensacional...), mostrando a festa de casamento do casal Koldo e Clara. Tudo muito bom, tudo muito bonito, até que um senhor com uma marca de mordida de um cão na mão (dos poucos elementos dos filmes anteriores) começa a demonstrar os sintomas por nós já conhecidos, dando início ao horror. Não percebo muito bem até que ponto uma história assim poderia funcionar, mesmo se fosse um filme autónomo. E claro que não poderia deixar de apontar a grande ironia do título do filme, Génesis. É que em nada remonta a origens... Várias são as vezes em que o realizador revela que foi ligeiramente precipitado e incoerente: desde a mudança super radical na Clara (Leticia Dolera), de uma doce noiva a vingadora destruidora de zombies, como as convenientes falhas narrativas para "salvar" os protagonistas (alguns zombies são super rápidos enquanto que outros são lentos como tudo). Mas o filme tem outros e mais evidentes "plot holes" que não irei aqui revelar. Enfim, prosseguindo.
Relativamente a pontos positivos, pois embora escassos, existem, há que evidenciar a melhoria em relação à caracterização dos zombies (se assim os podemos apelidar). Muito mais assustadores e horrendos, definitivamente. A química entre os dois protagonistas também é deliciosa, graças aos céus. Isto porque durante o filme ficamos mesmo a sentir por eles, pois são separados durante a carnificina e fazem imensos esforços para se reunir novamente. Claro que durante os 90 minutos somos recheados de clichés, que até prefiro não enumerar por causa dos spoilers, mas Leticia Dolera e Diego Martín até estão bastante bem enquanto o casal sofrido, especialmente na cena final que, apesar de previsível, é o que salva o filme da mediocridade.
Em suma, Paco Plaza não teve uma tarefa fácil: apresentar um filme que conseguisse superar os dois anteriores era praticamente impossível, e embora o realizador mereça reconhecimento por tentar algo diferente, o certo é que não faz jus à saga REC. Só espero que no último capítulo seja possível devolver à saga o seu merecido estatuto. Mas apesar da falha gigante que REC 3 acabou por se tornar, por alguns poderá ser apreciado. Convém é irem preparados para o que vão ver: uma comédia de terror que roça o forçado e que é completamente distinto daquilo que estão habituados.
Relativamente a pontos positivos, pois embora escassos, existem, há que evidenciar a melhoria em relação à caracterização dos zombies (se assim os podemos apelidar). Muito mais assustadores e horrendos, definitivamente. A química entre os dois protagonistas também é deliciosa, graças aos céus. Isto porque durante o filme ficamos mesmo a sentir por eles, pois são separados durante a carnificina e fazem imensos esforços para se reunir novamente. Claro que durante os 90 minutos somos recheados de clichés, que até prefiro não enumerar por causa dos spoilers, mas Leticia Dolera e Diego Martín até estão bastante bem enquanto o casal sofrido, especialmente na cena final que, apesar de previsível, é o que salva o filme da mediocridade.
Em suma, Paco Plaza não teve uma tarefa fácil: apresentar um filme que conseguisse superar os dois anteriores era praticamente impossível, e embora o realizador mereça reconhecimento por tentar algo diferente, o certo é que não faz jus à saga REC. Só espero que no último capítulo seja possível devolver à saga o seu merecido estatuto. Mas apesar da falha gigante que REC 3 acabou por se tornar, por alguns poderá ser apreciado. Convém é irem preparados para o que vão ver: uma comédia de terror que roça o forçado e que é completamente distinto daquilo que estão habituados.
EXAME
Realização: 5/10
Duração/Conteúdo: 4/10
Efeitos/Fotografia: 7/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 4/10
Média Global: 5/10
Crítica feita por Sarah Queiroz
Informação
Título original: [•REC]³: Génesis
Ano: 2012
Realização: Paco Plaza
Actores: Leticia Dolera, Diego Martín e Javier Botet
Trailer:
VER TAMBÉM:
REC 2 (2009) , por Sarah Queiroz
7 comentários
Excelente critica nao acrescentava uma virgula sequer ao que foi aqui escrito!!!
ResponderEliminarObrigada pela visita!
ResponderEliminarO seguimento do "Rec 2" será o "Rec 4". Este último foi gravado ao mesmo tempo que o "Rec 3", tendo o realizador dividido a sua equipa para cada uma das produções.
ResponderEliminarSim, eu sei. Não obstante esse facto, achei este filme desnecessário ao máximo. Pode ser que REC 4 nos faça esquecer este pequeno deslize. Obrigada pela visita!
ResponderEliminarO REC é um dos meus filmes preferidos, sem qualquer sombra de dúvida. Já não fui muito à bola com o 2, mas estava completamente interessado em ver este 3! Pelo que vi do trailer, pareceu-me ser muito tenso o que apenas aumenta a minha antecipação.
ResponderEliminarMas veremos em breve! De qualquer forma a tua crítica já me fez pôr os pés "um bocado na terra" para que não vá ver o filme e ficar depois tremendamente desiludido! eheh
:)
Obrigada Nuno pela visita e comentário. É assim, eu não gostei do filme muito devido ao facto de ter criado expectativas elevadas e achar que tem falhas incortonáveis, mas reconheço que há partes do filme que entretêm... O melhor é mesmo ver o filme sem esperar nada.
ResponderEliminarEste filme e um falha enorme na história da saga de REC, espero que a ideia de Paco Plaza para o quarto seja mesmo o que ele pensa e dá a entender, seria a continuação do 2º, a saída ou não de Angela Vidal do prédio, espero que se esmere para bem dos amantes de REC
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