The Great Dictator (1940)
By Jota Queiroz - sexta-feira, março 11, 2011
"A blonde world...and a brunette dictator."
Estava a ver que nunca mais escrevia a crítica do meu filme favorito de Chaplin. Ele é a figura icónica do Cinema, sendo um dos mais brilhantes cineastas de sempre: The Great Ditactor (o 1º filme falado de Chaplin) é um excelente exemplo disso.
O início da ablução planetária proposta pela Alemanha liderada por Hitler seria dado com o extermínio do povo judeu: começava assim a 2ª guerra, com a invasão da Polónia em 1939. Pouco tempo depois, surge O Grande Ditador, um filme controverso que antecipou o fenómeno Hitler na Alemanha, através de uma sátira ao nazi-fascismo e clamor pela paz. Contudo, Chaplin disse que se soubesse o que estava para vir, nunca teria feito o filme.
O filme começa durante a 1ª Guerra Mundial e é passado na nação fictícia da Tomânia. Após ter salvado Schultz (Reginald Gardiner) um barbeiro judeu (Chaplin) perde a memória e é enviado para o hospital, passando lá os próximos vinte anos. Muitas mudanças acontecem na Tomânia: O Grande Ditador Phooey Adenoid Hynkel (Chaplin), sátira ao Fuhrer Adolf Hitler, perseguia judeus com a ajuda dos ministros Garbitsch e Herring, sátiras a Joseph Goebbels e Hermann Göring respectivamente. Hynkel começa a ficar obcecado com a dominação mundial. O General Schultz é contra, sendo enviando para um campo de concentração juntamente com o barbeiro (que é apanhado numa das invasões ao gueto). Hynkel disputa com Benzino Napaloni (Jack Oakie), sátira a Benito Mussolini, ditador da Bactéria, a invasão a Osterlich, que é o primeiro passo para conquistar o mundo. Napaloni visita Hynkel para ambos discutirem um tratado para que nenhum dos países invada Osterlich; depois de diversas tentativas dos dois líderes mostrarem sua superioridade, eles culminam numa divertida discussão sobre um tratado de paz (que inclui comida, ver imagem). Uma vez assinado o tratado, Hynkel inicia a invasão. O barbeiro consegue escapar do campo de concentração, e algo inesperado acontece.
O argumento é fictício, mas baseado em factos reais (pois constituiu uma sátira aos mesmos). Uma coisa que difere da História, por exemplo, em que os destinos da Itália e da Alemanha se cruzam, no filme os dois líderes são concorrentes. Chaplin escreveu o argumento numa altura em que a ameaça Nazi ainda se começava a formar, e consegue dar-nos um relato tocante sobre a destruição provocada pela guerra e luta entre as supostas “raças”. Gosto do facto de Chaplin interpretar as duas personagens principais: a do barbeiro judeu e a do ditador da Tomânia. O barbeiro judeu é claramente baseado na mediática personagem Charlot; agora, a esse juntou-se a visão de Chaplin ao maior ditador da História. A abordagem que Chaplin teve foi muito complexa, toda a fita é um imenso jogo de paralelismos. Chaplin quis mostrar-nos que até a figura mais terrível, Adenoid Hynkel, é um homem ingénuo e nem é totalmente mau, nem o barbeiro é totalmente santo. Mas sejamos claros, o objectivo de Chaplin com o filme é denunciar Hitler, e temos a concretização da premissa na cena final, no discurso em que o barbeiro faz-se passar por Hynkel: contudo, já não temos nem o ditador nem o barbeiro, mas sim Charlie Chaplin, que expõe claramente as suas ideias democráticas, opondo-se às ideias anti-semitas. Esse discurso é completamente de arrepiar.
O filme tem outros detalhes interessantes que devo destacar: Chaplin não só satirizou a suástica como também a oratória de Hitler que, na minha opinião, foi um bocado exagerado mas muitíssimo engraçado. O giro é que a língua que ele falava não era totalmente Alemão, mas sim uma mistura de sons, palavras e até tosse num registo histérico. Devo também realçar que, sendo um filme do génio Chaplin, garanto-vos que se vão rir. No entanto, algum humor começa a ser repetido e às vezes é difícil de absorver numa primeira instância. O humor de Chaplin é o mais inteligente do Cinema, o que me agrada bastante. A banda sonora, apesar de típica da altura, é perfeita em algumas cenas e dá um toque incrível ao filme.
Relativamente aos actores, só posso dizer elogios. Charlie Chaplin e Jackie Oakie receberam nomeações aos Óscares pelas suas interpretações, e bem merecidos. Mas destaco Chaplin, que consegue passar de uma personagem a outra de uma maneira impecável e sempre com o seu jeito peculiar.
Em suma, o Grande Ditador não é um filme perfeito, mas quase. Porém, tem momentos icónicos que marcam o Cinema e tem um argumento inteligente. A estrela Charlie Chaplin perdura na mente de todos os cinéfilos por alguma razão, e acho que ao verem o filme perceberão porquê. Diz-se que Adolf Hitler viu o filme, reconheceu o talento do realizador e expressou a vontade de o visionar outra vez. Façam o mesmo.
EXAME
Realização: 10/10
Actores: 9.5/10
Argumento/Enredo: 9/10
Duração/Conteúdo: 8/10
Banda Sonora: 8.5/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 8/10
Média global: 8.9/10
Crítica feita por Joana Queiroz
Informação
Título em português: O Grande Ditador
Título original: The Great Dictator
Ano: 1940
Realização: Charlie Chaplin
Actores: Charles Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie,Reginald Gardiner, Maurice Moscovich
Trailer do filme:
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7 comentários
Charlie Chaplin, o maior actor mudo de todos os tempos, revelou com The Great Dictator o poder da sua voz (podemos dizer até, semelhante ao poder de voz de Hitler. eles tinham outras semelhanças também).
ResponderEliminarConcordo com a tua análise, está muito boa! Dos momentos icónicos devo destacar a cena do globo e o discurso final: soberbos.
Temos aqui uma grande sátira política à Alemanha Nazi, que apenas Chaplin podia fazer, numa altura em que ninguém se atrevia a fazê-lo.
Concordo quando dizes que Chaplin tem um humor inteligente, isso é bem verdade. A dose de humor aqui é como que inocente. Acredito que Chaplin não iria gostar de algumas comédias de hoje em dia, ia até achar nojento.
Heil Hynkel!
Este filme é belíssimo! Além de concordar com o que dizes, vou mais longe e penso que este filme devia ser visionado na escola pois é uma forma de aprender sobre o império de Hitler.
ResponderEliminarAbraço
Frank and Hall's Stuff
@ Anónimo : A primeira semelhança deve ser mesmo o bigode xD. Mas sim, Chaplin pode pela primeira vez "libertar" a sua voz, e realmente tem uma voz muito bonita.
ResponderEliminarA cena do globo realmente está icónica, mas destaco mesmo a cena final, que arrepia-me. O discurso de Adenoid Hynkel também é uma cena que me agrada bastante, como também a "discussão" entre ele e Napaloni xD.
Sim, concordo, é um humor inocente :)
@ Bruno Cunha: Belíssimo indeed :)! Poderia ser visionado nas escolas, de facto, apesar de não ter rigor Histórico em algumas coisas (e de propósito para a construção da narrativa). O filme não falha em transmitir os ideais da altura, e é isso que importa. ^^
Uma obra de arte
ResponderEliminarOlá!!
ResponderEliminarGostei muito do espaço que criou...
Posso te add em meus links na lateral de meu blog?
Já estou seguindo!
Um abraço,
Kleber
oteatrodavida.blogspot.com
Sou um fã de Charlie Chapplin e nunca vi.
ResponderEliminarGrande filme aposto, estou ansioso por ve-lo.
Bem achado.Boa critica =)
O discurso de Chaplin sempre vai ecoar na história do cinema.
ResponderEliminarNão só esse filme como a maioria de seus títulos falam de paz, amor e solidariedade.
Abraços e bons filmes!