360: A Vida é Um Círculo Perfeito (2011)
Várias culturas, problemas comuns...
Gosto de dramas e para que tal aconteça é preciso que as personagens estejam muito bem criadas, de modo a que eu sinta por elas como sinto por qualquer ser humano autêntico. 360 é um daqueles dramas extremamente ambiciosos no que diz respeito ao guião, pois junta várias histórias que ao início nada parece terem em comum, para no final as tentar interligar de alguma maneira. Quem for fã de filmes como Traffic, 21 Gramas e Love Actually- O Amor Acontece, devia dar uma espreitadela.
O enredo começa em Vienna com uma personagem de nome Blanka e percorre outras personagens de círculos sociais distintos e locais como Paris, Londres, Denver, Phoenix, Bratislava e Rio de Janeiro. Com o avançar da história percebemos que todos enfrentaram problemas comuns e que a sua situação é produto das decisões que tomaram.
Não é fácil analisar um filme tão dividido como este, mas o ponto fulcral neste género, para além do argumento, costuma ser os actores. E que actores! Temos um elenco tão internacional composto por nomes como Lucia Siposová, Gabriela Marcinkova, Vladimir Vdovichenkov, Jamel Debbouze e Maria Flor, acompanhado de veteranos como Sir Anthony Hopkins, Jude Law, Rachel Weiz e Ben Foster. Todos, estão espectaculares no seu papel, se bem que uns têm mais oportunidade de brilhar do que outros, o que nos leva à narrativa.
A história começa de forma bastante interessante com Blanka/Mirka (Lucia Siposová) que, acompanhada pela sua irmã Anna ( Gabriela Marcinkova), se quer tornar numa grande modelo, apesar de as coisas não serem tão simples como esta pensa... Infelizmente o desenvolvimento do filme não é tão bom como se espera, pois por vezes são apresentados segmentos e personagens menos interessantes e até descabidos (ninguém me tira da cabeça que a história de Rui- Juliano Cazarré- e Rose- Rachel Weiz- apenas foi apresentada para poder dar uma explicação ao início da história de Anna- interpretada de forma ideal por Maria Flor). O equilíbrio e a ligação entre as várias histórias está conseguido de forma algo imperfeita, de modo que acabamos por nos querer focar apenas na existente entre Anna e a personagem de Anthony Hopkins, assim como na do criminoso sexual recém libertado (que conta com uma representação poderosíssima de Ben Foster, nem tenho palavras...) e que receia voltar a cair na tentação (e não deixa de ser engraçado que esta última narrativa se interligue a dado ponto com a de Anna e a do velhote representado por Hopkins). Histórias como a do início do filme, a de Jude Law e, principalmente, a de Jamel Debbouze deixam de parecer tão importantes, interessantes e , mais do que tudo, necessárias, parecendo mesmo que não encontram o seu lugar dentro do plano geral. O ponto comum que consegui encontrar foi o seguinte: o filme foca-se em boas pessoas que tiveram ou têm problemas devido a opções que tomaram em detrimento de outras. O guionista Peter Morgan terá mesmo que trabalhar melhor na estrutura do enredo para o curto formato que tem em cinema se tencionar escrever mais guiões desta soma (sim, eu sei que o argumento é baseado na peça "Reigen" de Arthur Schnitzler, apesar de não vir referido nos créditos...).
Relativamente à realização o veredicto não surpreende: Fernando Meirelles é um cineasta brilhante, que sabe fazer as cenas resultarem da melhor forma visual sem nunca parecerem exageradas, ao mesmo tempo que consegue tirar o máximo dos actores que dirige. Já provou que é muito bom a adaptar histórias sérias e que tocam no fundo dos problemas humanos e aqui não é excepção. Pena é que desta vez o argumento não seja ele todo tão sólido... De qualquer forma acreditem que a montagem e mudança de cenas entre as personagens e os vários cenários está genialmente conseguida.
360 vale a pena pela óptima realização que tem, os diversos locais a que nos leva, as brilhantes representações com que nos presenteia e pela história de Anna, do velhote e do criminoso sexual. No entanto, as outras histórias não tão bem conseguidas acabam por causar problemas ao ritmo do filme e à sua resolução, impedindo 360 de se tornar numa obra genial. Fica-se pelo normal, com um ou outro momento bastante bom. Se puderem dêem uma olhada.
EXAME
Realização: 8/10
Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 6/10
Duração/Conteúdo: 6/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 6.5/10
Média Global: 7/10
Crítica feita por Rodrigo Mourão
Informação
Título original: 360
Título em português: 360
Ano: 2011
Realização: Fernando Meirelles
Actores: Lucia Siposová, Gabriela Marcinkova, Vladimir Vdovichenkov, Jamel Debbouze , Maria Flor, Anthony Hopkins, Jude Law, Rachel Weiz, Ben Foster
Trailer:
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