Midnight in Paris (2010)
Os filmes de Woody Allen têm uma determinada especificidade que torna imediatamente reconhecível quem os realizou. É um cineasta único, e nessa medida, a fasquia é sempre alta no que toca aos seus filmes. Daí que, cada vez que um filme de Woody Allen é anunciado, é quase que inevitável criar-se expectativas. Porque Allen é um verdadeiro visionário, e a sua extensa e fantástica filmografia são prova disso. Em Midnight in Paris, Woody Allen regressa ao seu registo habitual e demonstra mais uma vez as suas fantásticas capacidades, ao brindar-nos com um filme brilhante e humorístico que, para variar, tem muito que se lhe diga. Há qualquer coisa, de facto, em relação à meia-noite... Não sei se será algo mágico, especial, ou até místico, mas o certo é que vemos o verdadeiro impacto dessa hora no nosso protagonista, quando se apercebe que é aí que tem a oportunidade de se deparar com aquilo que verdadeiramente admira e sonha (dispensando-se o motivo).
Sinopse (PUBLICO): Gil e Inez (Owen Wilson e Rachel McAdams) estão noivos e de visita a Paris. De casamento marcado, eles têm ainda algumas dificuldades em acertar agulhas no que diz respeito à vida em comum. Ele é um argumentista de Hollywood com "síndroma da Idade de Ouro" que sonha viver em Paris e escrever o romance da sua vida seguindo os parâmetros dos grandes escritores da história da literatura. Já ela é uma mulher pragmática que aspira a uma vida estável e luxuosa em Malibu, nos EUA. Uma noite, embriagado pela beleza da cidade (e algum vinho), Gil perde-se na cidade e vive a mais extraordinária experiência da sua vida num encontro com personagens que ele julgava existir apenas nos livros e que o farão reformular toda a sua existência...
Em primeiro lugar, devo realçar que achei a cena de créditos inicial belíssima, se bem que ligeiramente extensa, em que o realizador convida o espectador a apaixonar-se por Paris, através das deslumbrantes imagens da capital francesa. Falando já da narrativa em si, o argumento acaba por ser brilhante, por mais imaginário e louco que seja: Ao misturar a comédia com uma pitada de fantasia, evidentemente que traz um certo irrealismo que provoca cenas bastante caricatas, especialmente as cenas de interacção entre Gil e as personagens com que se vai deparando na suas "aventuras". Estamos perante um humor ao mais alto nível, hilariante até dizer chega, especialmente nas cenas protagonizadas por Adrien Brody, Owen Wilson e Michael Seen. Quem diria que Owen Wilson protagonizaria um filme de Woody Allen, e melhor ainda, se sairia muito bem no papel? Fiquei verdadeiramente impressionada com a sua performance, aliás, todo o elenco está perfeito para o filme. Owen encara na perfeição o sujeito insatisfeito à procura de mais, e neste filme demonstrou a sua versatilidade; Marion Cotillard, belíssima actriz, ilumina qualquer sala de cinema simplesmente pela presença. E, claro está, apesar de ter pouco tempo de antena, Adrien Brody está qualquer coisa de extraordinário no papel de Salvador Dali. Mas prefiro nem me debruçar sobre isso, para não "estragar" a surpresa.
Meia Noite em Paris é um filme propositadamente fácil. A intenção de Woody Allen não é ser simbólico ou susceptível de diversas interpretações... Não, o objectivo é somente o contar de uma história, por mais peculiar que seja, em que nos apercebemos que o presente parece sempre ser insuficiente, e não há limites para quem sonha. A premissa do filme acaba por ser clara: estamos sempre insatisfeitos. Sem surpresa, Woody Allen faz-nos pensar: são filmes que apelam ao espectador. Embora imperfeito, ao sair do cinema, fiquei com a sensação que assisti a um filme profundamente mágico e apaixonante, portanto não percam a oportunidade de vê-lo, especialmente se forem nostálgicos incorrigíveis. Não é uma obra-prima, mas uma verdadeira beleza clássica.
EXAME
Realização: 8/10
Actores: 9/10
Argumento/Enredo: 8/10
Duração/Conteúdo: 7.5/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 8/10
Média Global: 8.1/10
Crítica feita por Sarah Queiroz
Informação
Título em português: Meia-noite em Paris
Título Original: Midnight in Paris
Ano: 2010
Realização: Woody Allen
Actores: Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAddams, Adrien Brody, Kathy Bates, Michael Sheen
Trailer
14 comentários
Acho que é um dos filmes mais bem pensados que já vi. Tem uma ideia claríssima, apesar de não ser imediata, mas também é isso que nos faz ficar presos ao resto do filme.
ResponderEliminarSão as coisas mais simples e comuns do dia-a-dia que se tornam banais no meio de todo o stress da rotina, e talvez percam assim o seu destaque, no entanto são estas pequenas coisas que nos preenchem a vida e não deixam nunca de nos surpreender por serem as que nos fazem mais felizes enquanto procura-mos insaciavelmente por algo mais, por aquilo que não podemos ter, por o futuro se tornar algo assustador visto que o passado já foi visto e revisto e aí estaria-mos a salvo de uma mudança incerta e desconhecida.
Vale a pena ver, aconselho vivamente este filme a todos.
Sinceramente não entendo o porque daquele 7.5 na duração/conteúdo, espero que seja por até ter sido um pouco curto.
Bom trabalho, continuem =)
boa crítica ! acho que concordo com tudo. o filme é hilariante e as personagens então estão todas excelentes.
ResponderEliminarDali!!
Obrigada pelos comentários :)
ResponderEliminar@ Anónimo: O 7.5 na duração/conteúdo justifico pelo seguinte, considero que, para além de ser um filme pequeno, por vezes dispersa-se em subhistórias desnecessárias... Mas que não acabam por prejudicar o brilhantismo do filme. E também acho que poderia ser ligeiramente mais bem explicado, há coisas que ficaram por saber.
@ Hugo: Hilariante, sem dúvida. Adrien Brody protagoniza a cena mais engraçada do filme :P
Belíssimo filme!
ResponderEliminarUma verdadeira obra prima de Woody Allen.
http://www.cinemosaico.com
Bom filme e boa crítica.
ResponderEliminarContinuação de bom trabalho.
Cumprimentos,
bogiecinema.blogspot.com
Filme que coroa a história de Woody Allen.
ResponderEliminarSó acho que faltou comentar sobre a atuação do Owen Wilson, que, pra mim, é uma atuação baseada nos trejeitos do próprio Woody Allen: movimentos, gestos, jeito de falar (de gaguejar) e de interagir com outras pessoas, é o Allen procurando por um substituto, e convenhamos, conseguiu.
Esse filme é lindíssimo, Woody Allen acertou em cheio. Um dos mais bonitos que eu pude ver em 2011.
ResponderEliminarObrigada a todos pelos comentários ;)
ResponderEliminarBoa observação Gui, é quase como um alter-ego de Woody Allen.
Puxa, Sarah. Você poderia ter esperado um pouco para postarmos nossas críticas no mesmo dia. Agora todos vão achar que eu te plagiei e seus advogados entrarão em contato com os meus. Principalmente porque, pelo menos desta vez, nossas opiniões estão incrivelmente parecidas. :D
ResponderEliminarDepois dê uma olhada e diga se concorda.
Gostei muito deste filme, e o Owen Wilson está realmente muito bem nele.
ResponderEliminarhttp://onarradorsubjectivo.blogspot.com/
Concordo totalmente com a tua crítica! :D
ResponderEliminarObrigada Bárbara (:
ResponderEliminarhhmmm nada de especial, não convence a aparição de personalidades
ResponderEliminarFalta-lhe algo... 3*
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