Depois do Cinema

District 9 (2009)

By Jota Queiroz - quarta-feira, março 09, 2011


"And always remember that a smile is cheaper than a bullet."

Uau: uau, uau e uau! District 9 é um marco na Ficção Científica o novo culto de Sci-Fi decididamente. Peter Jackson apresenta-nos um surpreendente filme de Neil Blomkamp que agradará não só os fãs de Sci-Fi, como o público em geral. Sou um pouco exigente, mas com District 9 nem precisei: reúne todos os elementos que adoro.

Um grupo de extraterrestres, que aterraram na Terra há 28 anos atrás, vive segregado dos humanos numa área degradada chamada Distrito 9 em Joanesburgo, África do Sul. A MNU é a empresa que fica responsável pelo controlo dos alienígenas e pela relocalização da sua população, mas tem também outro interesse: tomar posse da sua biotecnologia. A tensão entre humanos e extraterrestres cresce, sobretudo quando Wikus van de Merwe (Sharlto Copley) um operacional da MNU, contrai um vírus contagioso que modifica o seu DNA. Wikus torna-se no homem mais procurado do mundo sendo obrigado a fugir. Sem saber para onde ir, só tem um lugar onde se esconder: o Distrito 9, onde poderá encontrar uma forma de inverter o processo que está a acontecer ao seu corpo.

O filme foca-se em algumas temáticas como a xenofobia, racismo e segregação social, que são levados avante sendo aplicados aos extraterrestres. Aliás, a premissa do filme é inspirada em eventos que ocorreram no District Six, na Cidade do Cabo durante o Apartheid. As alegorias ao Apartheid tornam District 9 numa metáfora gigante e inteligente a quem ninguém pode escapar. Outros temas focados são a corrupção humana e a sua débil condição, pois mostra-nos (e finalmente) os humanos como os maus da fita.A mentalidade, a ambição e a malignidade da espécie humana são exploradas pormenorizadamente: ouso até dizer que a atitude dos humanos em relação aos alienígenas é paralela à atitude dos nazis em relação aos judeus. District 9 tem outros aspectos muito interessantes: o retrato que faz dos seres humanos, e da maneira como não compreendem outra espécie; o egoísmo do ser humano, que é capaz de eliminar outro para seu próprio lucro; a opressão a que sujeitam outrem devido ao preconceito; a aproximação de Wikus aos alienígenas e desenvolvimento de uma relação; o reverso da medalha, em que Wikus se vê na posição de oprimido e compreende finalmente o que os alienígenas sofrem, entre outras coisas. Apenas aponto que a tensão entre humanos e extraterrestres poderia estar melhor explorada, e outras coisas poderiam ser explicadas, apesar de dedutíveis.


Toda esta crítica social está magnificamente bem “misturada” na ficção científica e nos tons documentais. O realizador Neill Blomkamp teve uma abordagem fantástica, pois o filme é filmado num estilo de falso documentário, e acho que resulta imensamente bem: há um equilíbrio e variação entre ficção e documentário, a dualidade na narrativa é mesmo de louvar! Neill Blomkamp dirigiu com competência, e o filme é provido de magníficas e interessantes sequências de acção que nunca perdem a vida. O argumento é desenvolvido de uma maneira impecável, que nos leva a ansiar pelo grande clímax. Devo também referir que é impossível não haver ligação com algumas personagens, de referir o extraterrestre Christopher, que creio que está muito interessante.
Devo destacar os efeitos especiais que, apesar de simples, são satisfatórios e impecáveis para o baixo orçamento que tinha. Aliás, com este filme confirma-se que não é necessário um grande budget para fazer um grande filme. A grande surpresa do filme é Sharlto Copley, que interpreta Wikus de uma maneira interessante e competente, mostrando-nos como é que um indivíduo aparentemente tosco de repente se consegue afirmar. O resto do elenco está igualmente competente e muitíssimo credível, mas o maior destaque vai mesmo para Sharlto Copley, que era desconhecido. Bravo!

District 9 constitui um filme inovador e ousado, com magníficas características que o tornam inesquecível. Já está na minha lista de favoritos: é um filme obrigatório.



EXAME


Realização: 8/10 
Actores: 8/10 
Argumento/Enredo: 9/10
Duração/Conteúdo: 8/10 
Efeitos/Fotografia: 8/10 
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 8/10

Média global: 8.2/10 

Crítica feita por Joana Queiroz

Informação 

Título em português: Distrito 9
Título original: District 9
Ano: 2009
Realização: Neill Blomkamp
Actores: Shartlo Copley, Jason Cope, Nathalie Boltt



Trailer do filme:

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3 comentários

  1. Anónimoquarta-feira, 9 de março de 2011 às 18:34:00 WET

    Excelente análise, ficção científica no seu melhor!

    Cumprimentos

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  2. DiogoF.quarta-feira, 9 de março de 2011 às 21:41:00 WET

    Este filme é para mim, sem hesitar, a grande revelação de 2009. Não dava um tostão por ele, mas acabei por ver em virtude do meu recente ritual de ver todos os nomeados para os Óscares. Adorei, adorei, adorei. Magnífico. Grande história (uma alegoria política do mais original que já vi), uma actuação incrível do principiante Sharlto Coopley (que foi completamente roubado por não ir aos Óscares), efeitos visuais muito bem conseguidos (especialmente tendo em conta o orçamento) e um grande trabalho do rookie Bloomkamp, alguém que vou passar a seguir religiosamente (já está a trabalhar numa mega-produção, "Esylum").

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  3. Jota Queirozsábado, 12 de março de 2011 às 12:34:00 WET

    Também vou começar a seguir Blomkamp, ele é de facto fantástico.

    Sharlto Coopley foi a grande ausência dos Óscares esse ano. Falando em Óscares desse ano, achei bem que o District 9 tenha sido nomeado para Melhor Filme,contudo achei mal o Moon não ter sido. Queriam representar o Sci Fi de alguma maneira, e só optaram por um deles, o que achei mal.

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