Devo dizer que o meu papel, ao fazer a crítica a este filme, é bastante ingrato. Quem me conhece, ou quem segue o meu blog, sabe que eu sou acérrima defensora da saga Resident Evil, tendo até uma estranha obsessão pouco saudável. Foi-me sempre complicado manter-me objectiva em relação a estes filmes, especialmente quando é constantemente alvo de críticas. Verdade seja dita, apesar de não ter sido particularmente bem recebido (ao divergir imenso do videojogo), o primeiro capítulo da saga Resident Evil datado de 2002, é um filme de bastante qualidade, a diversos níveis, a destacar o argumento sólido independentemente das poucas alusões que faz ao jogo. É um filme de zombies bastante bem conseguido e comercialmente bem sucedido. Não isento de falhas claro, mas na minha sincera opinião é o melhor da saga. E não entendo como é que poucos gostam... Mas Resident Evil tem esse efeito: ou gosta-se muito ou odeia-se. E foi nessa expectativa que fui ver ontem o quinto capítulo da saga. A verdade é que, infelizmente, não me parece que irei poder continuar expressar a mesma adoração como fiz aos filmes anteriores, pois este nem pintado de ouro conseguia fazer as minhas palavras tornarem-se minimamente credíveis.
A história começa com Alice exactamente onde a vimos pela última vez ao final de Resident Evil: Afterlife (2010) - no convés do misterioso navio Arcadia, onde ela esperava encontrar mais sobreviventes da epidemia. Porém, na realidade, o que a aguarda é a batalha da sua vida, quando a sua ex-aliada, Jill Valentine (Sienna Guillory), e uma esquadrilha de terríveis helicópteros V-22 da Umbrella Corporation se aproximam com ordens de atirar para matar, e conseguem capturá-la. Alice, a última esperança da raça humana, tenta escapar para continuar na sua incansável busca por sobreviventes. Assim, percorrendo o Japão, Rússia ou os EUA, ela vai tentar descobrir um meio de eliminar o vírus que transforma os seres humanos em zombies, e fazer justiça por conta própria, contando com ajuda de novos amigos...
A grande e irremediável falha de Paul W.S. Anderson, que eu bem tento perceber ao longo dos filmes o porquê, é a inconsistência narrativa. Já o capítulo anterior sofria do mesmo problema. É o que caracteriza Paul W.S. Anderson: uma visão de cinema simplista, que trata o espaço diegético como o domínio da acção e da acção apenas. Em termos de enredo, Paul W.S. Anderson não dá uma para a caixa, e substancialmente está bastante mais fraco que os antecessores, que é quase impossível manter o interesse. Entristece-me já ter esta concepção apriori, porque tenho que ser franca: já sabia o que podia esperar de Resident Evil: Retribution. E a verdade é que aposteriori confirmou-se. Apesar de em termos de enredo este filme ter menos substância que os anteriores, as sequências de acção conseguem mesmo compensar, pois estão verdadeiramente espectaculares e intensas. Visualmente o filme está imensamente apelativo, é avassalador... Daí poder dizer-se que tem entre os seus méritos o facto de não se preciso fazer esforço nenhum para se perceber ou para se gostar do filme. Só mesmo os mais exigentes é que irão repudiar Resident Evil. O mais engraçado, e digo-vos, isto é Karma, é que a maior crítica que faziam à saga, acabou por tornar-se o defeito mais gritante do quinto capítulo, pois este preocupou-se em demasia em transmitir o ambiente do jogo, em detrimento de um bom desenvolvimento das personagens ou até um mínimo de história que fosse possível seguir. Neste filme o elemento narrativo está mesmo fraquinho, embora em alguns momentos o 3D enriquece o mesmo. Mas é inegável que a necessidade do realizador investir em demasia na estrutura do videojogo, foi quase como assinar a sentença de morte. É que já não podem criticar o filme de não ser fiel aos jogos, pois aqui foi fiel até demais. Inegável será, em contraponto, que Resident Evil é do melhor em termos estéticos, demonstra exuberância ao mais alto nível. Adoro a cena inicial, para variar. Em termos cinematográficos não há razões de queixa, é um verdadeiro espectáculo visual em que a acção está garantida do início ao fim e com direito a pequenas surpresas visualmente alucinantes.
Porém, e sublinho, Resident Evil: Retribution peca mesmo a níveis estruturais, tanto foi a necessidade do realizador de ir buscar personagens mais que mortas de volta à história. É um filme feito para impressionar através da tridimensionalidade e não pela criatividade de argumento. Mas devo dizer que subiu uns pontos por ter trazido de volta a minha querida Michelle Rodriguez como Rain e a Sienna Guillory como Jill Valentine, e as personagens dos jogos Leon Kennedy e Ada Wong. Sinceramente não houve grandes destaques a nível de elenco secundário, talvez pelo facto dos diálogos serem verdadeiramente sofríveis. Milla Jovovich é a musa dos filmes e, para mim, a estrela que sobressai.
Resumindo. Sim, faltou-lhe alguma (quase toda) substância. Mas há quem não se importe minimamente com isso. Cenas de acção brutais, lutas coreografadas repletas de efeitos especiais e slow motion, que quase se torna impossível não fazer analogias ao filme Matrix, Milla Jovovich & Michelle Rodriguez no seu melhor, entre outras coisas. Basicamente, é isso que Resident Evil 5 - Retaliação oferece. Bom entretenimento? Sim, para os fãs da saga, mas mesmo assim a desilusão será completamente avassaladora, sendo negativo na maior parte dos aspectos. E já se prevê uma sexta parte... Será que é o derradeiro capítulo? Esperemos.
EXAME
Realização: 4/10
Actores: 6/10
Argumento/Enredo: 4/10
Duração/Conteúdo: 4/10
Banda Sonora: 8/10
Efeitos/Fotografia: 8/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 4/10
Média Global: 5.2/10
Crítica feita por Sarah Queiroz
Informação
Título em português: Resident Evil: Retaliação
Título original: Resident Evil: Retribution
Ano: 2012
Realização: Paul W.S. Anderson
Actores: Milla Jovovich, Michelle Rodriguez, Sienna Guillory
Trailer do filme:
VER TAMBÉM
- Resident Evil (2002)
- Resident Evil: Afterlife (2010)
- Especial Quadrilogia Resident Evil
A história começa com Alice exactamente onde a vimos pela última vez ao final de Resident Evil: Afterlife (2010) - no convés do misterioso navio Arcadia, onde ela esperava encontrar mais sobreviventes da epidemia. Porém, na realidade, o que a aguarda é a batalha da sua vida, quando a sua ex-aliada, Jill Valentine (Sienna Guillory), e uma esquadrilha de terríveis helicópteros V-22 da Umbrella Corporation se aproximam com ordens de atirar para matar, e conseguem capturá-la. Alice, a última esperança da raça humana, tenta escapar para continuar na sua incansável busca por sobreviventes. Assim, percorrendo o Japão, Rússia ou os EUA, ela vai tentar descobrir um meio de eliminar o vírus que transforma os seres humanos em zombies, e fazer justiça por conta própria, contando com ajuda de novos amigos...
A grande e irremediável falha de Paul W.S. Anderson, que eu bem tento perceber ao longo dos filmes o porquê, é a inconsistência narrativa. Já o capítulo anterior sofria do mesmo problema. É o que caracteriza Paul W.S. Anderson: uma visão de cinema simplista, que trata o espaço diegético como o domínio da acção e da acção apenas. Em termos de enredo, Paul W.S. Anderson não dá uma para a caixa, e substancialmente está bastante mais fraco que os antecessores, que é quase impossível manter o interesse. Entristece-me já ter esta concepção apriori, porque tenho que ser franca: já sabia o que podia esperar de Resident Evil: Retribution. E a verdade é que aposteriori confirmou-se. Apesar de em termos de enredo este filme ter menos substância que os anteriores, as sequências de acção conseguem mesmo compensar, pois estão verdadeiramente espectaculares e intensas. Visualmente o filme está imensamente apelativo, é avassalador... Daí poder dizer-se que tem entre os seus méritos o facto de não se preciso fazer esforço nenhum para se perceber ou para se gostar do filme. Só mesmo os mais exigentes é que irão repudiar Resident Evil. O mais engraçado, e digo-vos, isto é Karma, é que a maior crítica que faziam à saga, acabou por tornar-se o defeito mais gritante do quinto capítulo, pois este preocupou-se em demasia em transmitir o ambiente do jogo, em detrimento de um bom desenvolvimento das personagens ou até um mínimo de história que fosse possível seguir. Neste filme o elemento narrativo está mesmo fraquinho, embora em alguns momentos o 3D enriquece o mesmo. Mas é inegável que a necessidade do realizador investir em demasia na estrutura do videojogo, foi quase como assinar a sentença de morte. É que já não podem criticar o filme de não ser fiel aos jogos, pois aqui foi fiel até demais. Inegável será, em contraponto, que Resident Evil é do melhor em termos estéticos, demonstra exuberância ao mais alto nível. Adoro a cena inicial, para variar. Em termos cinematográficos não há razões de queixa, é um verdadeiro espectáculo visual em que a acção está garantida do início ao fim e com direito a pequenas surpresas visualmente alucinantes.
Resumindo. Sim, faltou-lhe alguma (quase toda) substância. Mas há quem não se importe minimamente com isso. Cenas de acção brutais, lutas coreografadas repletas de efeitos especiais e slow motion, que quase se torna impossível não fazer analogias ao filme Matrix, Milla Jovovich & Michelle Rodriguez no seu melhor, entre outras coisas. Basicamente, é isso que Resident Evil 5 - Retaliação oferece. Bom entretenimento? Sim, para os fãs da saga, mas mesmo assim a desilusão será completamente avassaladora, sendo negativo na maior parte dos aspectos. E já se prevê uma sexta parte... Será que é o derradeiro capítulo? Esperemos.
EXAME
Realização: 4/10
Actores: 6/10
Argumento/Enredo: 4/10
Duração/Conteúdo: 4/10
Banda Sonora: 8/10
Efeitos/Fotografia: 8/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 4/10
Média Global: 5.2/10
Crítica feita por Sarah Queiroz
Informação
Título em português: Resident Evil: Retaliação
Título original: Resident Evil: Retribution
Ano: 2012
Realização: Paul W.S. Anderson
Actores: Milla Jovovich, Michelle Rodriguez, Sienna Guillory
Trailer do filme:
VER TAMBÉM
- Resident Evil (2002)
- Resident Evil: Afterlife (2010)
- Especial Quadrilogia Resident Evil