Hitchcock (2012)
By Jota Queiroz - terça-feira, fevereiro 12, 2013
"You may call me hitch, hold the cock."
Sou fã de Alfred Hitchcock e, como não poderia deixar de ser, a curiosidade invadiu-me quando soube que iria ser realizada uma película em torno do mestre do suspense. O sentimento de curiosidade foi rapidamente substituído por ansiedade quando verifiquei que o filme iria incidir-se não sobre a vida do cineasta mas sim particularmente sobre a realização do mediático filme Psyco. Ou seja, as minhas expectativas não poderiam estar mais elevadas. Pois bem, a longa acaba por satisfazer apenas medianamente, pois concentra pouco os seus esforços na essência da sua premissa - pessoalmente esperava um pouco mais e gostava de ter gostado mais do filme.
Mesmo para quem não seja fã de Alfred Hitchcock creio que é impossível não conhecerem Psyco, uma obra-prima do suspense e inquestionavelmente o maior sucesso de bilheteira por parte do cineasta. Com este filme, um novo nível de suspense e horror foi alcançado, o que acabou por inspirar diversos filmes desde então até à actualidade. O que muita gente poderá não saber é que a produção e filmagem de Psyco foi complicada, pois o filme não foi aceite por diversas produtoras o que acabou por levar Alfred Hitchock a fazer um investimento próprio. A sua teimosia e persistência conduziu ao grande sucesso que Psyco se tornou. Ora bem, o filme "Hitchcock" prometia centrar-se mesmo nisso, na teimosia e persistência do realizador a levar avante a produção daquele que viria a ser a sua incontornável obra-prima.
Contudo, sejamos directos... Hitchcock não resultou como se pensava. Então, o que é que realmente deu de errado? Eis o que considero errado no filme, e em todas as biografias mais actuais que Hollywood tenta realizar: perda de ritmo e interesse pelo espectador. Hitchcock prende realmente a atenção quando de facto nos mostra a essência da sua premissa: a produção e filmagem de Psyco. Destaco as cenas em que o realizador está na reunião de censura e a cena em que Alfred Hitchcock constata pela primeira vez a reacção do público à mediática cena do chuveiro - essa cena vale ouro.
Mas o que de facto valeria a pena ter sido aprofundado, que é a produção e bastidores do filme, acaba por ser algo superficial com duração de uns vinte minutos. Os restantes setenta são catalisados para a relação matrimonial entre Alfred Hitchcock e Alma Reville, que durante as filmagens do mítico filme passou por uma fase mais negativa. O filme centra-se na importância que Alfred Hitchcock dá à relação entre Alma e o argumentista Whitfield Cook, que por sua vez irá gerar tensão na relação com o realizador e de certa maneira prejudicar a rodagem de Psyco. Não estou a dizer que foi mau terem abordado este aspecto no filme, mas creio que focaram demasiada atenção nisso o que conduziu a uma perda de ritmo durante a narrativa, quando deveria ser o contrário. Acabamos por ter mais cenas de ciúmes disparatadas do que realmente importa. Deste modo, acaba por divergir daquilo que é prometido na sua premissa e do que foi inicialmente proposto ao espectador, que é como foi feito o filme Psyco. Digo isto porque Psyco foi um dos maiores feitos de Hitchcock e considero que o filme deveria ter mergulhado mais nesse mundo, digamos assim. Negativismos à parte, considero que a atenção a este lado íntimo teve o seu aspecto positivo, pois conseguiu de certa maneira humanizar a "figura hitchcockiana".
Mas o que de facto valeria a pena ter sido aprofundado, que é a produção e bastidores do filme, acaba por ser algo superficial com duração de uns vinte minutos. Os restantes setenta são catalisados para a relação matrimonial entre Alfred Hitchcock e Alma Reville, que durante as filmagens do mítico filme passou por uma fase mais negativa. O filme centra-se na importância que Alfred Hitchcock dá à relação entre Alma e o argumentista Whitfield Cook, que por sua vez irá gerar tensão na relação com o realizador e de certa maneira prejudicar a rodagem de Psyco. Não estou a dizer que foi mau terem abordado este aspecto no filme, mas creio que focaram demasiada atenção nisso o que conduziu a uma perda de ritmo durante a narrativa, quando deveria ser o contrário. Acabamos por ter mais cenas de ciúmes disparatadas do que realmente importa. Deste modo, acaba por divergir daquilo que é prometido na sua premissa e do que foi inicialmente proposto ao espectador, que é como foi feito o filme Psyco. Digo isto porque Psyco foi um dos maiores feitos de Hitchcock e considero que o filme deveria ter mergulhado mais nesse mundo, digamos assim. Negativismos à parte, considero que a atenção a este lado íntimo teve o seu aspecto positivo, pois conseguiu de certa maneira humanizar a "figura hitchcockiana".
Fazendo uma breve referência à realização de Sacha Gervasi, devo dizer que fez um trabalho competente e que é evidente a tentativa de introduzir algum suspense na sua própria realização - não sei se por estilo próprio ou homenagem a Alfred Hitchcock - com elementos próprios do estilo, como luzes reduzidas ou os planos súbitos. A realizadora poderia ter apostado em momentos mais divertidos, utilizando mais o sarcasmo característico de Hitchcock. Mas é no elenco que está o ganho do filme: temos duas grandes estrelas nos principais papéis, Anthony Hopkins e Helen Mirren. O primeiro desaparece totalmente no ecrã, incorporando a 100% Alfred Hitchcock. Já a segunda brinda-nos mais uma vez com uma excelente e credível actuação. O elenco secundário ainda conta com as competentes performances das belas Scarlett Johansson e Jessica Biel, que interpretam respectivamente Janet Leigh e Vera Miles. Devo salientar também que os aspectos técnicos do filme estão óptimos, especialmente o trabalho de caracterização, e tal merece muitos elogios especialmente na transformação de Anthony Hopkins em Alfred Hitchcock, merecendo assim a única nomeação que obteve nos Óscares, de Melhor Caracterização.
Em síntese, e tal como disse no início, gostava de ter gostado mais do filme. A perda de ritmo gradual e a dramatização daquilo que não valia a pena acaba por prejudicar o filme e mesmo encabeçado por duas lendas vivas, Anthony Hopkins e Helen Mirren, o filme acaba por ser um projecto que deixa muito a desejar. Satisfaz mas desilude: talvez se fosse divulgado a priori como um filme sobre o casal e não sobre a rodagem de Psyco a minha desilusão não existia.
EXAME
Realização: 6/10
Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 6/10
Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 6/10
Duração/Conteúdo: 6/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 8/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 8/10
Média Global: 6.9/10
Crítica feita por Joana Queiroz
Informação
Título Original: Hitchcock
Título em Português: Hitchcock
Ano: 2012
Realização: Sacha Gervasi
Actores: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson
Trailer do Filme:
2 comentários
Permita-me discordar de uma coisa. Quanto a mim a premissa está errada, porventura por culpa do que se tem dito por esse mundo fora. O filme é assumidamente um filme sobre a importância de Alma na vida e carreira de Hitchcock, e Psycho acaba por ser um pretexto para nos mostrar os altos e baixos dessa relação, os fantasmas de Hitch em relação às mulheres, e todo um caminho de introspecção que o leva a relembrar essa importância.
ResponderEliminarEu sei que se tem publicitado imenso Psycho como o o centro deste filme, mas basta olhar para o cartaz para perceber imediatamente a intenção de. É Alma quem sobressai, como a mulher por trás do grande homem. E penso que o filme o transmite bem.
Cumprimentos, e parabéns pelo blog.
Sim, de facto tem razão no seu comentário, mas o que realmente quis deixar claro no que disse é que acho que o filme exagerou bastante ao focar demasiada atenção nisso. Quase que ligam Alma ao sucesso ou não de Psyco, com base na qualidade da relação que tem com Hitchcock. Fazer um filme inteiro sobre isso acho desnecessário, porque Alfred Hitchcock sempre reconheceu Alma como o seu pilar.
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário e volte sempre!