The Possession (2012)
The Possession é um filme curioso. Antes demais devo salientar que tem um título deveras original... Abstraindo-me desse facto, devo dizer que não dava muito pelo mais recente trabalho de Ole Bornedal. Provavelmente foi devido ao último filme de exorcismos que vi, o The Devil Inside, que sinceramente é dos piores filmes que alguma vez tive oportunidade de assistir. Mas o curioso, é que The Possession é daquelas películas que uma pessoa não sabe exactamente o que achar ou até extrair da mesma. É longe de ser um péssimo filme... Só que no entanto, acaba por ser mais outro filme sobre demónios, roçando o genérico e previsível e que acaba por cair redondamente nos clichés do género, com pouco de novo a oferecer. Porém, bem esmiuçado, tem alguns aspectos positivos que o fazem minimamente interessante, mesmo que a nível conceptual. Existe essa dualidade, porque nem tudo é mau. Mas também não há nenhum elemento que faça uma pessoa correr até ao cinema.
Sinopse (PUBLICO): Vagueando por uma venda de garagem organizada pelos vizinhos, a pequena Em (Natasha Calis) sente-se imediatamente atraída por uma velha caixa de madeira. Depois de convencer o pai a comprar o objecto, leva-o para casa e cria uma estranha obsessão por este. Clyde e Stephanie (Jeffrey Dean Morgan e Kyra Sedgwick), os seus pais, sentindo-se culpados pelo seu recente divórcio, começam por julgar que essa estranheza de comportamento se deve às dificuldades em aceitar a nova situação familiar. Porém, quando a criança se torna verdadeiramente agressiva, acabam por perceber que aquela mudança coincide com a chegada do misterioso objecto. É então que descobrem que a caixa foi criada para conter um espírito maligno e que, ao abri-la, a criança foi possuída por ele. Desesperados por ajudar a criança, depressa compreendem que a ciência não tem todas as respostas e que, neste caso, a ajuda pode estar para lá da simples razão.
O problema do argumento reside no facto de haver muitas pontas soltas. E não é só isso. Como a narrativa não se torna propriamente complexa, pois o aprofundamento substancial fica-se mesmo pelo básico, inevitavelmente The Possession torna-se aborrecido de previsível que é. Mesmo para os menos atentos, não é difícil adivinhar o desenrolar da história, e esse carácter de previsibilidade e o facto de estar envolto em inúmeros clichés, são dos aspectos menos positivos que saltam mais à vista. O clímax final está, com certeza, assente numa atmosfera bem assustadora, mas para chegar lá os espectadores têm que penar muito. Torna-se difícil sustentar tanto minuto em que não se passa lá grande coisa.
Os méritos do filme são a dois níveis: a nível de fotografia e na construção das personagens. Em relação ao primeiro aspecto, há sequências verdadeiramente bem construídas e o realizador não falha nessas a criar a devida antecipação. Mas o problema é que ficamos pela antecipação. O suspense está lá, com certeza, mas a nível de sustos... Difícil. A cena inicial é bastante promissora. É um grande começo, a acentuar bem o estilo do filme. Infelizmente, não manteve o nível durante os minutos restantes. Isto porque o nível de originalidade depois chegou ao zero. E para não falar da edição/montagem de som que, muito sinceramente, está péssima. Em relação ao segundo aspecto, há que dar mérito ao filme por dar às personagens alguma história bem desenvolvida, não obstante ser daqueles melodramatismos clichés, porque é daqueles aspectos que os filmes de terror geralmente falham.
Jeffrey Dean Morgan está bastante bem no papel de Clyde, o recém divorciado treinador de basquete e pai de Hannah e Em (Madison Davenport e Natasha Calis). Sinceramente penso que é o único actor (adulto) que se destaca neste filme, porque infelizmente Kyra Sedwick, apesar de competente, não tem propriamente grande oportunidade de brilhar, talvez só no 3º acto. Madison Davenport é que está verdadeiramente espectacular, creio que fez um excelente trabalho na construção da personagem Em (a possuída) e foi muito bem sucedida na "metamorfose" que a personagem sofre. Também se calhar é devido ao facto de ser a personagem com mais densidade, mas mesmo assim, dou grande mérito à actriz por proporcionar grandes momentos de tensão e de arrepiar a espinha, com tenra idade.
Para ser franca, é mesmo daqueles filmes que se vê à vontade, mas não perdura na memória. É esquecível, embora deva salientar que não é desprovido de elementos assustadores, porque até tem sequências bem executadas. Só que as falhas a nível estrutural são demasiado evidentes; O que é pena, porque é um filme que tinha potencial para ser muito, mas muito melhor. Mas a tentativa forçada de se evidenciar acabou por não ser particularmente bem sucedida. No entanto, é uma escolha razoável ao ponto de valer a pena dar uma olhadela. Não esperem é mais que razoável.
Realização: 6/10
Actores: 6.5/10
Argumento/Enredo: 6/10
Duração/Conteúdo: 6/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 6/10
Média Global: 6.1/10
Crítica feita por Sarah Queiroz
Informação
Título original: The Possession
Título em português: Possessão
Ano: 2012
Realização: Ole Bornedal
Actores: Jeffrey Dean Morgan, Kyra Sedgwick, Madison Davenport
Trailer:
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