Les Misérables (2012)
By Rodrigo Mourão - domingo, dezembro 30, 2012
" To love someone is to see the face of God "
Pois é, um dos filmes mais aguardados do ano- senão o mais aguardado - baseado na obra do mesmo nome de Victor Hugo, assim como num dos mais famosos e adorados musicais da Broadway dos últimos tempos, que esteve em cena durante 25 anos! Para além disso, esperava-se muito do recente mas já galardoado realizador Tom Hooper, que se notabilizou com o premiado The King”s Speech. Como podem ver, este filme teve muita antecipação e Tom Hooper tinha uma fasquia algo alta a ultrapassar- salvar a magia do género musical, não defraudar o musical Les Mis, respeitar a obra de Victor Hugo e , depois de ter ganho os Oscars de Melhor Realizador e Melhor Filme, deslumbrar-nos outra vez com o seu exercício criativo no Silver Screen. Apesar de nunca ter lido a obra de Victor Hugo sou grande fã da adaptação de 1998 protagonizada por Liam Neeson e Geoffrey Rush. Da mesma forma, apesar de nunca ter visto a versão musical completa (vi partes e já tinha adorado) sou um fã incurável do género musical e só tenho pena que não se façam mais (e melhores) musicais para o cinema. Vejamos então em que se traduziram as 2 horas e meia de fita.
A história (sobre pessoas que não são propriamente nem boas nem más, encontrando-se apenas em situações "miseráveis") centra-se em Jean Valjean (Hugh Jackman), que rouba um pão para alimentar o filho da irmã mais nova e acaba por ser preso por isso. Solto, 19 anos depois (sob liberdade condicional) tentará recomeçar sua vida e redimir-se. 8 anos mais tarde (tendo, nesse tempo, quebrado os termos da liberdade condicional) conhecerá também a pequena Cosette (Isabelle Allen/ Amanda Seyfried) e pelos anos fora terá, ao mesmo tempo, que fugir do inspector Javert (Russel Crowe), seu capataz dos tempos de condenado. Pelo meio, estas personagens acabam por participar, algo involuntariamente, na Revolução Francesa (não, não é aquela de 1789, é a de Junho de 1832 de que ninguém se lembra porque só durou praticamente 24 horas e foi um massacre total dos rebeldes, não impedindo que o rei Louis-Philippe continuasse a reinar durante quase 20 anos... bolas, os franceses são mesmo Miseráveis...).
Agora que já resumi (dentro do possível!) a história vamos falar da música que a conduz. Quem já viu o musical, saberá que este é um musical como manda a lei, ou seja, basicamente é tudo, mas TUDO, cantado, até falas únicas que não são propriamente músicas. Portanto, preparem-se para 2 horas e meia de história contada em versos cantarolados. Mas quem também conhece o musical sabe que este é daqueles que tem das melhores canções e orquestrações para oferecer, pelo que é uma benção, pelo menos para mim, entrar nesse mundo durante quase 3 horas. Só as sequências inicial e final do filme provam o que estou a dizer, porque têm música poderosíssima. Para além disso, o estilo musical permite não só passar muita informação para o lado do expectador de forma original para, mas também lhe permite constatar de forma mais patente as emoções das personagens envolvidas (podia falar já de Anne Hathaway e do I Dreamed I Dream, mas ainda não estou a falar dos actores, portanto fazei o obséquio de ler mais um pouco das minhas divagações até lá... obrigado) e, acreditem, é aí que se vê parte da verdadeira performance de um actor (podia falar já de Hugh Jackman, mas já lá vamos!). Para dar substância a esta grandiosa história há canções para todos os gostos e emoções- épicas, de redenção, românticas, de esperança, vingança, cómicas (podia falar já de Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter como os Thenárdier, mas aguentem um pouco!), sofrimento e um pastiche disto tudo. Em suma, um musical complexo com canções adequadas para todas as situações.
A história (sobre pessoas que não são propriamente nem boas nem más, encontrando-se apenas em situações "miseráveis") centra-se em Jean Valjean (Hugh Jackman), que rouba um pão para alimentar o filho da irmã mais nova e acaba por ser preso por isso. Solto, 19 anos depois (sob liberdade condicional) tentará recomeçar sua vida e redimir-se. 8 anos mais tarde (tendo, nesse tempo, quebrado os termos da liberdade condicional) conhecerá também a pequena Cosette (Isabelle Allen/ Amanda Seyfried) e pelos anos fora terá, ao mesmo tempo, que fugir do inspector Javert (Russel Crowe), seu capataz dos tempos de condenado. Pelo meio, estas personagens acabam por participar, algo involuntariamente, na Revolução Francesa (não, não é aquela de 1789, é a de Junho de 1832 de que ninguém se lembra porque só durou praticamente 24 horas e foi um massacre total dos rebeldes, não impedindo que o rei Louis-Philippe continuasse a reinar durante quase 20 anos... bolas, os franceses são mesmo Miseráveis...).
Agora que já resumi (dentro do possível!) a história vamos falar da música que a conduz. Quem já viu o musical, saberá que este é um musical como manda a lei, ou seja, basicamente é tudo, mas TUDO, cantado, até falas únicas que não são propriamente músicas. Portanto, preparem-se para 2 horas e meia de história contada em versos cantarolados. Mas quem também conhece o musical sabe que este é daqueles que tem das melhores canções e orquestrações para oferecer, pelo que é uma benção, pelo menos para mim, entrar nesse mundo durante quase 3 horas. Só as sequências inicial e final do filme provam o que estou a dizer, porque têm música poderosíssima. Para além disso, o estilo musical permite não só passar muita informação para o lado do expectador de forma original para, mas também lhe permite constatar de forma mais patente as emoções das personagens envolvidas (podia falar já de Anne Hathaway e do I Dreamed I Dream, mas ainda não estou a falar dos actores, portanto fazei o obséquio de ler mais um pouco das minhas divagações até lá... obrigado) e, acreditem, é aí que se vê parte da verdadeira performance de um actor (podia falar já de Hugh Jackman, mas já lá vamos!). Para dar substância a esta grandiosa história há canções para todos os gostos e emoções- épicas, de redenção, românticas, de esperança, vingança, cómicas (podia falar já de Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter como os Thenárdier, mas aguentem um pouco!), sofrimento e um pastiche disto tudo. Em suma, um musical complexo com canções adequadas para todas as situações.
Mas se as canções são adequadas, será que os actores escolhidos também o são? Primeiro, há que dizer que os actores não estão no filme para cantar tudo de forma bonita e afinada como se espera num musical teatral. Ao invés, eles interpretam realmente a música e aquilo que a personagem sente, pelo que muitas vezes há suspiros, choros e risos patentes na sua voz enquanto cantam. E penso que é o mais adequado, pois estamos no formato cinematográfico onde, apesar de tudo, se espera algum realismo. E a isto tudo ajudou, sem dúvida, o novo método de Tom Hooper de gravar a música- em vez de ser gravada antes em estúdio e os actores irem para o set fazer playback, na verdade os actores estão a cantar em tempo real para a câmara o que leva a 3 pontos positivos: o actor pode preocupar-se realmente em representar e não em fazer playback; é a música que segue o actor e não o oposto e; todos os pequenos suspiros e tonalidades da voz são apanhados pela câmara e pela música e são deixados na versão final, o que fortalece muito o realismo e emoção das cenas e em tudo beneficia a interpretação dos actores. Tudo o que acabei de dizer é patente em quase todo o elenco, mas com especial destaque para Hugh Jackman (decerto que vai ser nomeado para Oscar) e Anne Hathaway (ponho as mãos no fogo se não for nomeada para o Oscar de Melhor Actriz Secundária, porque aparece pouco, mas quando canta nem tenho palavras!) nas partes dramáticas e para Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (estes dois são uma dupla perfeita, não percebo como é que nunca antes tinham contracenado directamente num filme- Sweeney Todd não conta...) nas partes cómicas, porque sem dúvida que são eles que proporcionam todas as risadas do filme para aliviar um pouco da tensão da história. Mesmo Samantha Barks (Éponine) e Alistair Brammer (Prouvaire) estão de parabéns, pois já representavam as suas personagens no concerto musical e souberam muito bem adaptar-se ao estilo do big screen. Falemos agora de He Who Must Not Be Named/ He Who Must Not Sing, também conhecido como Russel Crowe. Ao contrário da maioria das pessoas não atacarei Crowe pelos seus talentos musicais (ou falta deles, para alguns...) mas sim pela sua representação porque, quanto à sua voz, apesar de quase me rir quando o ouvi cantar pela primeira vez "Now prisioner 24601, You”re time is done and your parol”s begun!", acabei por me habituar ao timbre da mesma, que nem é desagradável e ao mesmo é bem distinto da de todos os outros. O meu problema é que Crowe não passa muita emoção nas músicas, porque parece que está para ali a cantar como quem lê um texto, enquanto que em Hugh Jackman vê-se tudo, mas mesmo TUDO! Russel Crowe provou que não canta mal de todo (apesar de não ser fenomenal), mas não ficará na história como um dos melhores Javert”s (tanto da versão musical como de qualquer adaptação em geral), pois gostaria de ver mais da obsessão da personagem com a lei e com Jean Valjean (quem persegue um homem durante 20 anos tem que ter alguma e muito bem explicada!) e Crowe, simplesmente, não passa isso para o lado de cá.
Por fim, deixo as minhas impressões sobre a fotografia, as localizações e a realização. A fotografia é, normalmente, agradável em termos de definição e cor, mas as cenas nocturnas são demasiado escuras, o que torna dificil para o espectador discernir nitidamente o que está a acontecer. As localizações não foram sempre bem utilizadas e escolhidas, porque nem sempre se nota a grandeza épica nos sets que seria necessária para contar a história (aquelas barricadas dos rebeldes são tão pequenas e o espectador vê tão pouco que se tornam uma vergonha...). E quanto ao acabei de expôr, não é que as localizações sejam sempre pequenas, mas Tom Hooper nem sempre as capta da melhor maneira em câmara e explico porquê: o realizador tem uma obsessão com planos aproximados na cara das personagens, o que resulta muito bem quando há um número musical focado na mesma, em que a steadycam segue o actor para todo o lado num plano contínuo (o melhor exemplo será o número What Have I Done de Hugh Jackman) e o expectador fica completamente ligado a todas as reacções e performances do mesmo (digo-vos que resulta mesmo bem e os próximos musicais deveriam beber um pouco deste estilo). Agora, quando o número musical é partilhado por várias personagens e há acção a correr ao mesmo tempo torna-se um pouco irritante ter a câmara focada na cara das mesmas e não ter noção alguma de espaço e de escala... E com isto mais uma crítica: para um acção que se expande por mais de 20 anos e que se passa em vários sítios, culminando em Paris, as transições podiam estar melhor feitas e o realizador devia ter tomado algum tempo para mostrar alguns planos panorâmicos das cidades (como Paris lá está!), que em tudo beneficiariam o filme... É que o melhor plano panorâmico está mesmo na cena inicial do filme e depois parece que se esqueceram de voltar a utilizar a técnica durante as outras 2 horas... Com isto também se conclui que o ritmo do filme sai um pouco a perder, porque apesar de estar sempre a acontecer qualquer coisa durante as 2 horas e meia de filme, não há tempo para o espectador respirar e processar o que viu (esses planos panorâmicos para fazer a transição entre cenas e anos ajudariam...), da mesma forma que algumas cenas do livro são contadas de forma algo apressada (pronto, mas isto talvez já seja um problema da própria vesão musical, mas o realizador podia ter feito um meio termo no filme, acrescentando ainda mais música incidental, para tomar mais tempo nalgumas cenas)- Les Misérables é uma obra gigante que merece, pelo menos, 2 filmes... mas acredito que seja dificíl para algum estúdio dar luz verde a um projecto musical nesses termos... enfim...
When all is said and sung, este filme brinda-nos com óptimas músicas, carregadas por óptimas performances de brilhantes actores, mescladas com escolhas de realização algo originais e adequadas para o género. No entanto, noutras cenas, a realização falha, o ritmo da história é apressado (pouco se vê da história romântica entre Cosette e Marius, que cai naquele cliché de "amor à primeira vista" ou, neste caso, "amor à primeira cantiga"), os sets nem sempre são captados da melhor forma e as cenas nocturnas (tirando talvez a cena final de Javert que é brilhante!) podiam ter melhor fotografia. Quem gostar de musicais vai adorar o filme (porque tem muita coisa boa para se apreciar), mas sem dúvida que podia ser melhor. Ainda assim, recomendadíssimo!
EXAME
Realização: 7.5/10
Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 8/10
Efeitos/Fotografia: 7.5/10
Duração/Conteúdo: 7.5/10
Realização: 7.5/10
Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 8/10
Efeitos/Fotografia: 7.5/10
Duração/Conteúdo: 7.5/10
Banda sonora: 9.5/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 8/10
Média Global: 8/10
Crítica feita por Rodrigo Mourão
Informação
Título em português : Os Miseráveis
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 8/10
Média Global: 8/10
Crítica feita por Rodrigo Mourão
Informação
Título em português : Os Miseráveis
Título Original: Les Misérables
Ano: 2012
Realização: Tom Hooper
Actores: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Eddie Redmayne, Samantha Barks, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Amanda Seyfried
Trailer:Ano: 2012
Realização: Tom Hooper
Actores: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Eddie Redmayne, Samantha Barks, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Amanda Seyfried
2 comentários
Gostei muito da resenha, logo depois de ter assistido ao filme vim buscar uma luz na internet para saber se tinha deixado passar algo. Não estou acostumado com filmes desse gênero então quando haviam muitas falas cantadas fiquei um pouco entediado.
ResponderEliminarAnne Hathaway e o Hugh sem iguais , enquanto ao Russel para mim será o eterno Gladiador !
Abraços e toda a sorte !
Concordo 100% com a tua análise à representaçao do Russel Crowe, pareceu-me superficial de mais em contraste gritante com os vários momentos extremamente emotivos do Hugh Jackman, e sem dúvida que teria visto mais 1:30h de filme para aprofundar várias cenas e nuances das relaçoes das personagens, cidade,etc.
ResponderEliminarPena 'desperdiçar' um elenco tao adequado numa obra comprimida, ainda assim muito bom filme e passou a voar!