Depois do Cinema

Les Misérables (2012)

By Rodrigo Mourão - domingo, dezembro 30, 2012

" To love someone is to see the face of God "
Pois é, um dos filmes mais aguardados do ano- senão o mais aguardado - baseado na obra do mesmo nome de Victor Hugo, assim como num dos mais famosos e adorados musicais da Broadway dos últimos tempos, que esteve em cena durante 25 anos! Para além disso, esperava-se muito do recente mas já galardoado realizador Tom Hooper, que se notabilizou com o premiado The King”s Speech. Como podem ver, este filme teve muita antecipação e Tom Hooper tinha uma fasquia algo alta a ultrapassar- salvar a magia do género musical, não defraudar o musical Les Mis, respeitar a obra de Victor Hugo e , depois de ter ganho os Oscars de Melhor Realizador e Melhor Filme, deslumbrar-nos outra vez com o seu exercício criativo no Silver Screen. Apesar de nunca ter lido a obra de Victor Hugo sou grande fã da adaptação de 1998 protagonizada por Liam Neeson e Geoffrey Rush. Da mesma forma, apesar de nunca ter visto a versão musical completa (vi partes e já tinha adorado) sou um fã incurável do género musical e só tenho pena que não se façam mais (e melhores) musicais para o cinema. Vejamos então em que se traduziram as 2 horas e meia de fita.

A história (sobre pessoas que não são propriamente nem boas nem más, encontrando-se apenas em situações "miseráveis") centra-se em Jean Valjean (Hugh Jackman), que rouba um pão para alimentar o filho da irmã mais nova e acaba por ser preso por isso. Solto, 19 anos depois (sob liberdade condicional) tentará recomeçar sua vida e redimir-se. 8 anos mais tarde (tendo, nesse tempo, quebrado os termos da liberdade condicional) conhecerá também a pequena Cosette (Isabelle Allen/ Amanda Seyfried) e pelos anos fora terá, ao mesmo tempo, que fugir do inspector Javert (Russel Crowe), seu capataz dos tempos de condenado. Pelo meio, estas personagens acabam por participar, algo involuntariamente, na Revolução Francesa (não, não é aquela de 1789, é a de Junho de 1832 de que ninguém se lembra porque só durou praticamente 24 horas e foi um massacre total dos rebeldes, não impedindo que o rei Louis-Philippe continuasse a reinar durante quase 20 anos... bolas, os franceses são mesmo Miseráveis...).


Agora que já resumi (dentro do possível!) a história vamos falar da música que a conduz. Quem já viu o musical, saberá que este é um musical como manda a lei, ou seja, basicamente é tudo, mas TUDO, cantado, até falas únicas que não são propriamente músicas. Portanto, preparem-se para 2 horas e meia de história contada em versos cantarolados. Mas quem também conhece o musical sabe que este é daqueles que tem das melhores canções e orquestrações para oferecer, pelo que é uma benção, pelo menos para mim, entrar nesse mundo durante quase 3 horas. Só as sequências inicial e final do filme provam o que estou a dizer, porque têm música poderosíssima. Para além disso, o estilo musical permite não só passar muita informação para o lado do expectador de forma original para, mas também lhe permite constatar de forma mais patente as emoções das personagens envolvidas (podia falar já de Anne Hathaway e do I Dreamed I Dream, mas ainda não estou a falar dos actores, portanto fazei o obséquio de ler mais um pouco das minhas divagações até lá... obrigado) e, acreditem, é aí que se vê parte da verdadeira performance de um actor (podia falar já de Hugh Jackman, mas já lá vamos!). Para dar substância a esta grandiosa história há canções para todos os gostos e emoções- épicas, de redenção, românticas, de esperança, vingança, cómicas (podia falar já de Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter como os Thenárdier, mas aguentem um pouco!), sofrimento e um pastiche disto tudo. Em suma, um musical complexo com canções adequadas para todas as situações.


Mas se as canções são adequadas, será que os actores escolhidos também o são? Primeiro, há que dizer que os actores não estão no filme para cantar tudo de forma bonita e afinada como se espera num musical teatral. Ao invés, eles interpretam realmente a música e aquilo que a personagem sente, pelo que muitas vezes há suspiros, choros e risos patentes na sua voz enquanto cantam. E penso que é o mais adequado, pois estamos no formato cinematográfico onde, apesar de tudo, se espera algum realismo. E a isto tudo ajudou, sem dúvida, o novo método de Tom Hooper de gravar a música- em vez de ser gravada antes em estúdio e os actores irem para o set fazer playback, na verdade os actores estão a cantar em tempo real para a câmara o que leva a 3 pontos positivos: o actor pode preocupar-se realmente em representar e não em fazer playback; é a música que segue o actor e não o oposto e; todos os pequenos suspiros e tonalidades da voz são apanhados pela câmara e pela música e são deixados na versão final, o que fortalece muito o realismo e emoção das cenas e em tudo beneficia a interpretação dos actores. Tudo o que acabei de dizer é patente em quase todo o elenco, mas com especial destaque para Hugh Jackman (decerto que vai ser nomeado para Oscar) e Anne Hathaway (ponho as mãos no fogo se não for nomeada para o Oscar de Melhor Actriz Secundária, porque aparece pouco, mas quando canta nem tenho palavras!) nas partes dramáticas e para Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (estes dois são uma dupla perfeita, não percebo como é que nunca antes tinham contracenado directamente num filme- Sweeney Todd não conta...) nas partes cómicas, porque sem dúvida que são eles que proporcionam todas as risadas do filme para aliviar um pouco da tensão da história.  Mesmo Samantha Barks (Éponine) e Alistair Brammer (Prouvaire) estão de parabéns, pois já representavam as suas personagens no concerto musical e souberam muito bem adaptar-se ao estilo do big screen. Falemos agora de He Who Must Not Be Named/ He Who Must Not Sing, também conhecido como Russel Crowe. Ao contrário da maioria das pessoas não atacarei Crowe pelos seus talentos musicais (ou falta deles, para alguns...) mas sim pela sua representação porque, quanto à sua voz, apesar de quase me rir quando o ouvi cantar pela primeira vez "Now prisioner 24601, You”re time is done and your parol”s begun!", acabei por me habituar ao timbre da mesma, que nem é desagradável e ao mesmo é bem distinto da de todos os outros. O meu problema é que Crowe não passa muita emoção nas músicas, porque parece que está para ali a cantar como quem lê um texto, enquanto que em Hugh Jackman vê-se tudo, mas mesmo TUDO! Russel Crowe provou que não canta mal de todo (apesar de não ser fenomenal), mas não ficará na história como um dos melhores Javert”s (tanto da versão musical como de qualquer adaptação em geral), pois gostaria de ver mais da obsessão da personagem com a lei e com Jean Valjean (quem persegue um homem durante 20 anos tem que ter alguma e muito bem explicada!) e Crowe, simplesmente, não passa isso para o lado de cá.

Por fim, deixo as minhas impressões sobre a fotografia, as localizações e a realização. A fotografia é, normalmente, agradável em termos de definição e cor, mas as cenas nocturnas são demasiado escuras, o que torna dificil para o espectador discernir nitidamente o que está a acontecer. As localizações não foram sempre bem utilizadas e escolhidas, porque nem sempre se nota a grandeza épica nos sets que seria necessária para contar a história (aquelas barricadas dos rebeldes são tão pequenas e o espectador vê tão pouco que se tornam uma vergonha...). E quanto ao acabei de expôr, não é que as localizações sejam sempre pequenas, mas Tom Hooper nem sempre as capta da melhor maneira em câmara e explico porquê: o realizador tem uma obsessão com planos aproximados na cara das personagens, o que resulta muito bem quando há um número musical focado na mesma, em que a steadycam segue o actor para todo o lado num plano contínuo (o melhor exemplo será o número What Have I Done de Hugh Jackman) e o expectador fica completamente ligado a todas as reacções e performances do mesmo (digo-vos que resulta mesmo bem e os próximos musicais deveriam beber um pouco  deste estilo). Agora, quando o número musical é partilhado por várias personagens e há acção a correr ao mesmo tempo torna-se um pouco irritante ter a câmara focada na cara das mesmas e não ter noção alguma de espaço e de escala... E com isto mais uma crítica: para um acção que se expande por mais de 20 anos e que se passa em vários sítios, culminando em Paris, as transições podiam estar melhor feitas e o realizador devia ter tomado algum tempo para mostrar alguns planos panorâmicos das cidades (como Paris lá está!), que em tudo beneficiariam o filme... É que o melhor plano panorâmico está mesmo na cena inicial do filme e depois parece que se esqueceram de voltar a utilizar a técnica durante as outras 2 horas... Com isto também se conclui que o ritmo do filme sai um pouco a perder, porque apesar de estar sempre a acontecer qualquer coisa durante as 2 horas e meia de filme, não há tempo para o espectador respirar e processar o que viu (esses planos panorâmicos para fazer a transição entre cenas e anos ajudariam...), da mesma forma que algumas cenas do livro são contadas de forma algo apressada (pronto, mas isto talvez já seja um problema da própria vesão musical, mas o realizador podia ter feito um meio termo no filme, acrescentando ainda mais música incidental, para tomar mais tempo nalgumas cenas)-  Les Misérables é uma obra gigante que merece, pelo menos, 2 filmes... mas acredito que seja dificíl para algum estúdio dar luz verde a um projecto musical nesses termos... enfim...


When all is said and sung, este filme brinda-nos com óptimas músicas, carregadas por óptimas performances de brilhantes actores, mescladas com escolhas de realização algo originais e adequadas para o género. No entanto, noutras cenas, a realização falha, o ritmo da história é apressado (pouco se vê da história romântica entre Cosette e Marius, que cai naquele cliché de "amor à primeira vista" ou, neste caso, "amor à primeira cantiga"), os sets nem sempre são captados da melhor forma e as cenas nocturnas (tirando talvez a cena final de Javert que é brilhante!) podiam ter melhor fotografia. Quem gostar de musicais vai adorar o filme (porque tem muita coisa boa para se apreciar), mas sem dúvida que podia ser melhor. Ainda assim, recomendadíssimo!


EXAME

Realização: 7.5/10

Actores: 8.5/10

Argumento/Enredo: 8/10
Efeitos/Fotografia: 7.5/10

Duração/Conteúdo: 7.5/10
Banda sonora: 9.5/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 8/10

Média Global: 8/10

Crítica feita por Rodrigo Mourão

Informação

Título em português : Os Miseráveis
Título Original: Les Misérables
Ano: 2012
Realização: Tom Hooper

Actores:  Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Eddie Redmayne, Samantha Barks, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Amanda Seyfried

Trailer:
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The Hobbit: An Unexpected Journey (2012)

By Rodrigo Mourão - domingo, dezembro 16, 2012

“From the smallest beginnings come the greatest legends”
Pois é caros amigos cinéfilos… 9 anos após a conclusão de “The Lord of the Rings”  Peter Jackson traz-nos de volta a Middle Earth de Tolkien. Será que a espera valeu a pena? É claro que sim: desde óptimos cenários, a uma boa realização, espectaculares actores,  banda sonora mágica, QUASE TUDO! Bem... depois desta explosão fanática, vou-me acalmar e passar então aos detalhes.

Primeiro, um aviso à navegação: The Hobbit não é LOTR, por isso, por favor, não esperem deste filme nada dessas proporções e não o injustiçem por isso. Temos que julgar o filme pelo livro e história que adapta. Dito isto, continuemos.

A primeira parte desta trilogia conta-nos o início da aventura (situada 60 anos antes dos acontecimentos de LOTR) de Bilbo Baggins (Martin Freeman), Gandalf (Ian Mckellen) e de 13 anões que, liderados pelo lendário príncipe Thorin Oakenshield (Richard Armitage), querem recuperar o seu reino Erebor, matando o Dragão Smaug e recuperando o enorme tesouro que este lhes roubou. Esta demanda irá levá-los por caminhos desconhecidos. Pelo meio Bilbo conhecerá Gollum e encontrará um anel (ou o Um Anel, melhor dito!), que mudará o seu destino (e o de todos) para sempre.

Quanto aos cenários, Peter Jackson demonstra conhecer Middle Earth como ninguém. The Hobbit dá-nos a oportunidade de revisitar lugares já antes vistos em LOTR como o Shire e Rivendell (que continuam lindíssimos como nos lembrávamos, excepto Rivendell, que acho que ainda consegue estar mais maravilhosa, até porque Jackson aproveita para nos mostrar mais dela do que mostrara antes), ao mesmo tempo que nos leva para paisagens que os nossos olhos nunca viram. Estas últimas, ao mesmo tempo que estão visualmente muito bem enquadradas com o resto do mundo já criado, têm uma atmosfera própria que nos leva a apreciar cada momento do ecrã. É caso para dizer que, mais uma vez, o realizador conseguiu manter o equilíbrio entre cenas em estúdio, exteriores e croma, aquilo que tornara a anterior trilogia a fantasia visualmente mais realista e rica de sempre.

Relativamente a efeitos visuais, estes são, como não podia deixar de ser, os melhores, como só a Weta Workshop sabe fazer. No entanto, penso que foi utlizado demasiado CGI e croma no prólogo e no flashback da batalha de Mória, o que às vezes me fazia pensar se estava no mesmo mundo dos anteriores filmes... Pelo menos, quando a película volta à aventura presente as coisas tornam a estar mais equilibradas. Digo-vos que estava com muito receio quanto aos três Trolls, pois parecia-me que podiam estar muitos falsos. Mas enganei-me e poucos segundos depois de os ver já acreditava piamente que estavam ali! Quanto aos orcs, achei-os extremamente bem feitos pois, apesar de serem digitais, pareciam mesmo pessoas muito bem caracterizadas tal como em LOTR. Já os wargs, penso que existiam uns mais realistas do que outros mas, ainda assim, somos brindados com várias espécies diferentes destes, enquanto que em LOTR: The Two Towers eram todos iguais (mas muito bem feitos!). A minha maior crítica quanto ao uso do CGI está mesmo nos Goblins das Misty Mountains: estão tão deslocados dos goblins realistas vistos em LOTR que custa-me a acreditar que estejam mesmo ali... No entanto, para o que Jackson queria talvez fosse necessário, de modo a torná-las criaturas menos antropomórficas e mais parecidas com vermes. Já para não falar que os meios digitais seriam sempre necessários para fazer o Great Goblin (ou isso ou uma marioneta muito boa como Jabba em Star Wars VI!). Mas se os métodos de computador não estão perfeitos nalguns pontos, em Gollum são arrebatadores! Já em LOTR considerava-o a criatura digital mais perfeita alguma vez vista no cinema (a seguir vinha Davy Jones de Pirates of the Caribbean) e, bem, em The Hobbit, está melhor do que o vimos antes! Com o excelente trabalho de Andy Serkis e a tecnologia bem empregue temos uma performance assustadoramente brilhante onde conseguimos ver todo o caos mental do monstrinho. A cena de Gollum e Bilbo, só por si, faz o filme e os fãs não ficarão desapontados (eu adorei!).

Isto leva-me aos restantes actores e à concretização da história: é uma delícia voltar a ver Ian Mckellen como o feiticeiro grisalho, a sua sabedoria sempre mesclada com o seu toque de narcisismo intelectual. Parece que está igual à última vez que o vimos... Quanto a Martin Freeman, nunca antes pensei que este senhor conseguisse fazer uma personagem desta envergadura! Não só mantém os traços comportamentais e vocais de Ian Holm, como interpreta na perfeição aquilo que é Bilbo em The Hobbit: um hobbit caseiro, sempre relutante em embarcar numa aventura e , depois, continuar, ao mesmo tempo que faz por ser aceite na companhia dos anões. Quanto aos anões, estão todos muito bem caracterizados e cada actor dá-lhes uma personalidade própria. É verdade que uns (como Thorin claro, Balin, Fili, Kili e o sempre educado Ori) são mais reconhecíveis do que outros, mas tenho quase a certeza que no segundo fillme deixaremos de os ver como um colectivo abstracto e sim como 13 companheiros com os quais nos preocupamos. O regresso de Hugo Weaving, Cate Blanchett e Christopher Lee aos seus respectivos papéis é também uma alegria para o expectador, nem que seja pela nostalgia e oportunidade de, após quase uma década, poder voltar a conviver com estas fantásticas personagens.

Sobre a narrativa, como já disse, é muito mais leve, infantil e menos épica e bélica que a de LOTR. Tal resulta do livro. No entanto, Peter Jackson toma, neste âmbito, duas decisões: expansão da história relativamente ao livro e; alteração de alguns pontos da mesma. Quanto à primeira, acho que nunca antes vi um filme que fosse mais completo que o livro! Peter Jackson aproveita para, com a ajuda dos apêndices de Return of the King e outras fontes, mostrar coisas que se passam ao mesmo tempo que The Hobbit e que têm ligações e consequências com os eventos futuros de LOTR, assim como um prólogo que nos dá oportunidade de rever Ian Holm e Elijah Wood como, respectivamente, Bilbo e Frodo. Como diz o realizador, “este era o momento certo para mostar estas situações e se eu não o fizesse, elas nunca seriam vistas”. 

No entanto, isto leva-me àquela que pode ser a maior crítica ao filme: aquilo que devia ser um filme, passou de 2 para 3 filmes (mas acertadamente, visto que Jackson quer fazer uma ligação directa aos eventos de Fellowship of the Ring, estou quase certo), e cada filme, que devia ter 2 horas, acaba por ter três. A mim não me chateia muito, porque adoro ver o universo de Tolkien, mas é verdade que retira algum ritmo ao filme, que já de si será o mais parado por ser o início da aventura. Foi acertado gravar as cenas, mas é verdade que algumas deviam ter sido guardadas para uma Extended Edition em DVD e Blu-ray. Quanto às alterações ao livro, são mínimas e justificadas pelo formato, pois nem tudo o que se escreve num livro funciona bem em cinema. Para além disso, são mudanças que também contribuem para dar um tom mais adulto e sério à história, que em tudo a beneficia. A maior alteração é terem criado um inimigo principal para a história, em vez de apenas os vários perigos porque os heróis passam e , claro, o dragão Smaug (acho extremamente inteligente nunca o mostrarem completamente ao longo do filme), que só está presente perto do fim do livro...

Sei que o testamento já vai longo, mas ainda tenho que falar da banda sonora. Mágica como só Howard Shore consegue. Temos temas antigos que nos fazem sorrir pelo que nos relembram (aliás, sorrir é o sentimento chave do filme!) e temas novos brilhantes, que relatam muito bem o que está a acontecer. Quanto às canções tolkianas, não são sempre utilizadas, mas quando são garanto-vos que funcionam muito bem dentro do filme!

Em suma meus amigos: The Hobbit é de facto uma aventura inesperada, mas cheia de vivacidade. Com a história que tem, Peter Jackson expande-a e adapta-a adequadamente, ainda que a duração possa ser excessiva para alguns. Dá-nos a oportunidade não só de voltar a Middle Earth, mas de conhecer mais dos seus lugares, raças e costumes. Só posso dizer: tal como Bilbo, embarquem na aventura que eu cá quero já ver a continuação!

SOBRE O 3D E AS 48 FRAMES PER SECOND (FPS):
O formato da high frame rate é um pouco "esquisito" ao inicio. A imagem é muito rápida e parece irrealista a velocidade a que as personagens se movem. As sequências tornam-se, por vezes, confusas nos close shots e em cenas de acçao porque o cérebro não consegue processar tantas frames ao mesmo tempo, nem discernir com calma o que acontece na tela. No entanto, a meio do filme começa-se a habituar à imagem. Não achei que o novo formato fosse nenhum "assassinio cinematográfico" -como muitos dizem- mas talvez não seja o melhor formato para esta historia. Ainda assim, não tenho dúvidas que se trata do futuro e que muito filmes passarão a ser gravados e transmitidos desta nova forma. Também favorece o 3D porque, apesar de mais rápidas, as imagens estão mais fluídas e nítidas, assemelhando-se mais à percepção do olho humano (ainda que não estejamos habituados a ver tal coisa no cinema). Quanto ao 3D, não sou grande adepto do formato em geral e não acho que faça muita falta neste filme. No entanto, o 48 fps favorece-o e existem algumas sequências que utlizam bem a tecnologia, principalmente aquelas em que existem fumo, fogo, explosões e espíritos (refiro-me, neste último caso, à breve cena em Dol Guldur)

EXAME

Realização: 9/10

Actores: 9.5/10

Argumento/Enredo: 8.5/10
Efeitos/Fotografia: 9/10

Duração/Conteúdo: 7/10
Banda sonora: 9/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 9/10

Média Global: 8.7/10

Crítica feita por Rodrigo Mourão


Informação

Título em português : O Hobbit: Uma Viagem Inesperada
Título Original: The Hobbit: An Unexpected Journey
Ano: 2012
Realização: Peter Jackson
Actores:  Martin Freeman, Ian Mckellen, Richard Armitage, Ken Stott, Graham McTavish, William Kirscher,  James Nesbitt, Stephen Hunter, Dean O’ Gorman,  Aiden Turner,  John Callen, Peter Hambleton, Jed Brophy, Mark Hadlow, Adam Brown, Ian Holm, Elijah Wood, Andy Serkis, Hugo Weaving, Cate Blanchett, Christopher Lee

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Captain America: The First Avenger (2011)

By Jota Queiroz - segunda-feira, dezembro 03, 2012

Próxima paragem: Os Vingadores.

Gosto deste herói. É um facto que ele não tem super-poderes per se – tem agilidade, reflexos, velocidade e força em níveis aumentados; não tem a força de um Hulk ou de um Thor, ou a agilidade do Homem-Aranha mas é um super-herói que gostamos facilmente. OK, talvez as suas origens na Segunda Guerra Mundial aumentem o seu charme. Enfim, já estou a divagar: o caminho rumo a The Avengers, o filme que era mais esperado para este ano, terminava com a película Captain America – The First Avenger. Começava com um magnífico Iron Man  e competente The Incredible Hulk de 2008, passando por um menos fantástico Iron Man 2 em 2010, e voltando de novo em 2011 com Thor. Passado alguns meses após a estreia do deus do trovão, a Marvel lançou o filme merecido daquele que foi o primeiro super-herói.
O filme é passado durante a Segunda Guerra Mundial, e conta-nos a história de Steve Rogers (Chris Evans), um homem franzino que deseja alistar-se no exército. No entanto, a sua estatura e saúde impedem-no de realizar tal desejo. É então que aparece Dr.Erskine (Stanley Tucci), um cientista que desenvolveu o Soro do Super-Soldado,  projectado para criar um exército de seres humanos cuja superioridade física ajudaria na vitória da 2ª Guerra Mundial. O cientista oferece a Rogers a oportunidade de participar no seu projecto para criar um "supersoldado". Durante a experiência, a injecção de um soro e radiações possibilita a transformação de Rogers, melhorando em todos os aspectos possíveis e tornando-se assim o Capitão América. O seu objectivo é ajudar na guerra, tendo como principal missão deter o Red Skull (Hugo Weaving), líder da H.I.D.R.A, uma organização científica que pretende utilizar um dispositivo -Tesseract- como fonte de energia para dominar o mundo.

Primeiro que tudo devo dizer que, de uma maneira geral, gostei da longa-metragem. A nível de argumento, não temos aqui nada de extraordinário, mas é competente. Tem é algumas falhas que poderiam ter sido evitadas e momentos que simplesmente não deveriam existir, que mencionarei mais à frente; mas primeiro falemos de coisas boas. Achei que foi uma lufada de ar fresco termos um filme de um super-herói cujo o ambiente não era uma cidade com arranha-céus recheado de agentes da S.H.I.E.L.D ou afins. Não parece, na sua essência, um filme de super-heróis convencional. A fantástica fotografia de Shelly Johnson e todo o retro vibe do filme influenciam para isso. Parece então que temos uma história mais independente e que pode ser explorada devidamente. Nesse sentido, o realizador Joe Johnston acertou, pois temos um bom background da personagem principal e à qual nos conseguimos identificar. Um outro ganho do realizador é que este explorou a aventura ao invés da acção, fazendo lembrar uma aventura inspirada no clássico Indiana Jones – contudo, acho que a inserção de algumas cenas mais épicas, ao estilo dos bons filmes da 2ª Guerra Mundial, elevava a película. Existem sequências de acção, claro, mas falta-lhes o tal carácter mais dramático e épico. Este filme é na sua essência uma aventura emotiva, em que o amadurecimento de Steve Rogers em Capitão América está muito bem conseguido.

Sinto-me é dividida em relação à inclusão do “quase” romance entre Peggy Carter e Steve Rogers neste filme. Por um lado, acho que era desnecessário incluir o romance para uma personagem que acabaria por ficar “inactivo” durante décadas. Por outro lado, e como foi mesmo inserido o interesse romântico, tal deveria ser melhor explorado – talvez para expandir a componente sentimental. O mesmo se aplica à amizade entre Rogers e Bucky, sendo essa relação importante e mesmo Bucky é um elemento central na história do Capitão América. O realizador errou nesses dois aspectos, pois creio que tudo se desenvolve muito rápido (um erro comum da Marvel). Outro aspecto que acaba por desiludir é a conclusão; temos aqui um clímax que deixa muito a desejar, nomeadamente um confronto decente entre o Capitão América e o Red Skull. Contudo, temos uns últimos minutos que nos deixam com apetite para The Avengers. A contextualização da inclusão do Capitão América para esse filme é feita e, tal como outros filmes da Marvel, existem diversos aspectos que nos elucidam para o universo da Marvel.

Relativamente a performances, temos aqui grandes nomes como Tommy Lee Jones, Stanley Tucci e Hugo Weaving como o terrível Red Skull. Estes três constituem o grande elenco secundário e com interpretações satisfatórias por de trás de Chris Evans, que interpreta o Capitão América. Este está muito bem, melhor do que no péssimo Fantastic 4. Achei que a tecnologia utilizada para deixar o actor mais franzino está óptima, e, estereotipando ou não, creio que se coaduna mesmo com a personalidade mais tímida e frágil da personagem Steve Rogers, que se mantém igual mesmo depois de se tornar um "supersoldado".

Em síntese,se Captain America: The First Avenger ganha pela sua integridade, pelas introduções à origem do Tesseract e H.Y.D.R.A e não ter ligação com os Vingadores em demasia. É assim que se deve contar uma história, dando os elementos necessários para o espectador ligar; no entanto, o filme peca por um segundo e terceiro actos a "querer despachar", ao lançar uma narrativa que, apesar de coerente, poderia ser melhor explorada- acabando por parecer apenas uma paragem do comboio com destino a The Avengers. Mas é um bom filme, não me interpretem mal - é competente enquanto blockbuster de aventura e acção, com um interessante retro vibe e actuações sólidas.


EXAME

Realização: 7.5/10

Actores: 8/10
Argumento/Enredo: 7/10
Efeitos/Fotografia: 8/10
Duração/Conteúdo: 7/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 7/10

Média Global: 7.4/10

Crítica feita por Joana Queiroz

Informação


Título em português : Capitão América: O Primeiro Vingador

Título Original: Captain America: The First Avenger
Ano: 2011
Realização: Joe Johnston 
Actores:  Chris Evans, Tommy Lee Jones, Hugo Weaving, Sebastian Stan, Dominic Cooper, Stanley Tucci.

Trailer:

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X-Men: First Class (2011)

By Rodrigo Mourão - domingo, dezembro 02, 2012

O renascimento quase perfeito de um franchise...

Não sou um grande conhecedor dos super-heróis de banda desenhada, nem posso dizer que os X-men sejam os meus favoritos, mas a verdade é que segui a saga toda de filmes e , tirando o que saiu em 2009 sobre a origem do Wolverine, nem desgostei muito dos mesmos. Achei que já estava na altura de ver esta prequela que saiu o ano passado e tenho que ser sincero: para mim, este é o melhor filme de X-Men já feito!

Como não podia deixar de ser, a história foca-se na origem de Erik Lensherr (Michael Fassbender) e Charles Xavier (James McAvoy), que mais tarde viriam a ser conhecidos como os líderes mutantes Magneto e Professor Xavier. O palco são os anos 60, em plena Guerra Fria. O mutante Sebastian Shaw (Kevin Bacon) decide iniciar uma guerra nuclear que leve os humanos à auto-extinção, deixando espaço para uma nova raça superior governar. Ao descobrir parte destes planos e a existência de alguns mutantes, a agente da CIA Moira MacTaggert (Rose Byrne) volta-se para Charles Xavier (especialista em mutação genética) para os ajudar. Xavier procurará novos mutantes para impedir Shaw, o que o fará travar conhecimento com Erik, que também tem assuntos a resolver com o vilão. Os dois tornam-se amigos, mas aquilo que começa por ser uma aliança, poderá levar, no fim, a uma rivalidade por pontos de vista diferentes quanto ao destino dos mutantes numa sociedade de opressão dominada pelos humanos.

Gostei muito das personagens e achei que estavam muito bem desenvolvidas, tendo em conta que muitas não sobrevivem ou não aparecem nos filmes seguintes (sei que há pessoas que dizem que este filme se focou nos X-Men mais chatos, mas visto que era uma história de origem, presumo que não houvesse muitos mais caminhos a ter em conta... e a verdade é que o trabalho ficou bem feito). Não só se vê aqui um argumento competente neste ponto, mas também boas opções de casting, pois todos os actores estão perfeitamente à vontade nos seus papéis. Mais uma vez, Michael Fassbender dá-nos uma interpretação genial como o vingativo Erik (adorei a cena do bar na Argentina, onde ele começa a sua vingança); Jennifer Lawrence está bastante bem como Raven/Mystique, tendo mesmo as características de uma adolescente; Kevin Bacon dá-nos um grande vilão como Sebastian Shaw, pois este apenas se limita a mexer as peças (neste caso a pôr os americanos contra os russos, para que os mutantes possam prosperar) e a apreciar o espectáculo, sendo um oportunista que finge estar de todos os lados. James McAvoy também está bastante bem como Xavier, mas não teve nenhum "momento espectacular" que possa apontar. É também de mestre o facto de Erik, enquanto judeu, ter sido desprezado pelos nazi e agora, enquanto mutante, volta a ser desprezado pela raça humana em bloco. Sem dúvida que dá uma explicação bastante inteligente e trágica para as suas motivações.

As cenas de acção estão muitíssimo bem coreografadas e os planos estão bastante bem enquadrados. É mesmo puro entretenimento, com o ponto positivo de estar ao serviço de uma história interessante. Da mesma forma, os efeitos visuais estão bastante bons. A complementar tudo isto está a banda sonora de Henry Jackman, que é bastante boa, coisa que não esperava. Temos desde músicas calmas, até músicas brutais (o tema do Erik tem uma potência que retrata muito bem a fúria que a personagem sente), passando pela música "mais épica" do final.

A história tem muita substância e impressiona-me o quanto conseguiram contar num filme sem esta parecer artificial. Acho que a escolha da "Crise dos Misseis Cubanos" como pano-de-fundo foi bastante inteligente não só para suportar o plano do mau-da-fita, mas também para permitir algum «estilo de espionagem» no filme e , mais importante, dar a este uma base sólida e realista. Até gostei do pormenor da cena inicial do filme ser a mesma (ainda que regravada) da do primeiro X-Men, o que estabelece um certo equilíbrio desta fita dentro do universo dos outros filmes. A isto se juntam uns cameos breves mas bastante interessantes, como o de Hugh Jackman como Logan/Wolwerine (só uma coisa, não era suposto ele ser uma criança nos anos 60?). A evolução do enredo está boa e o clímax compensa imenso, pois estamos muito investidos.  No entanto, acho que a personagem da Mystique tinha muito potencial e foi mal abordada, na medida em que a sua relação com o Beast é muito apressada e sem grande contribuição e que o seu tempo de ecrã com Erik, apesar muito bom e de ajudar a compreender a sua decisão de ficar com ele, devia ter sido melhor explorada. É que, no final do filme, ela aceita ir com Magneto e deixar Xavier (quando ela e Xavier eram como irmãos) e o último aceita tudo sem pôr nenhum oposição, apesar de saber os propósitos de Erik de destruir a humanidade e o facto sem importância deste ter acabado de o deixar tetraplégico!
 
Isto leva-me àqueles que considero os principais pontos negativos. O filme tenta ser coerente em muitas coisas (a começar pela cena inicial), mas depois deita tudo a perder no fim em termos de continuidade com os seus antecessores: o Magneto e o Xavier tornam-se inimigos no final do filme, mas no X-Men 3 , quando são mais velhos, vão todos amiguinhos a casa da Jean dizer-lhe que ela é uma mutante; o Xavier fica sem poder andar no final deste filme, mas na já referida cena inicial do X-Men 3 ele consegue andar; neste filme cria-se uma relação entre Beast e Mystique, mas na trilogia já feita (que se passa depois) nenhuma das personagens passa cartão à outra... Enfim, isto torna muito difícil de enquadrar esta obra no universo dos lançamentos anteriores. Não fosse o facto dos filmes anteriores já terem estabelecido certos acontecimentos, este filme seria perfeito (tirando aquilo que apontei quanto ao tratamento da personagem Mystique), pois funciona muito bem como uma prequela isolada e dá-nos vontade de ver mais.

Concluindo, apesar dos erros de continuidade e de um tratamento menos feliz de uma das personagens principais, X-Men: First Class é um filme bastante sólido, desde a história aos visuais, passando pelas personagens e , por isso, não é só entretenimento de sábado à tarde. É um filme que passa a correr (e tem 2 horas!),  mais que recomendado a qualquer fã de super-heróis e/ou filmes de acção, com a  vantagem de não se ter que ver os outros filmes para apreciar este. Graças a Deus que já está acordada uma continuação para 2014, intitulada X-Men: Days Of Future Past. Esperemos é que nessa tenham mais atenção à ligação com os outros filmes...


EXAME

Realização: 8.5/10
Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 7.5/10
Duração/Conteúdo: 8/10
Efeitos/Fotografia: 7.5/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 7.5/10

Média Global: 7.9/10

Crítica feita por Rodrigo Mourão
 

Informação

Título em português: X-Men- O Início
Título Original: X-Men- First Class
Realização: Matthew Vaughn
Ano: 2011
Actores: Michael Fassbender, James McAvoy, Kevin Bacon, Jennifer Lawrence 
 

Trailer do filme:



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Wrath of the Titans (2012)

By Jota Queiroz - sábado, dezembro 01, 2012

Ainda não é desta.

Talvez pela franquia de jogos playstation God of War ser das minhas favoritas de todos os tempos, um filme como Wrath of the Titans, à primeira vista,  acaba por ser visto de bom grado - pois incorpora todos os elementos necessários. Mas o filme acaba mesmo por ser só isso. Tem apenas os elementos - as personagens estão lá, os cenários estão lá, os efeitos estão lá. Infelizmente, "só" falta é encaixarem essas peças num puzzle coerente que se reflicta numa boa e sólida história. Acham este facto vagamente familiar? Pois claro, o mesmo se passou com o primeiro filme Clash of the Titans. Lamento informar os leitores que esperavam um upgrade do primeiro para o segundo: Wrath of the Titans não fez a maravilha e raridade de superar o primeiro, também porque se por sistema o material já é fraco, não há muito por onde trabalhar.

Fazendo aqui um breve resumo da história: passaram dez anos após Perseu (Sam Worthington) ter derrotado o terrível Kraken e ter recusado a oferta para ocupar um lugar no Olimpo. Agora, tem um filho chamado Helius (John Bell) e vive como pescador anónimo numa vila modesta. A vida vai correndo e eis que, um dia, Zeus (Liam Neeson) visita Perseu e avisa que o Olimpo tem os dias contados, pois os Deuses estão a perder os poderes. Assim, as paredes de Tártaro ameaçam ruir, o que significa que os Titãs - inimigos dos Deuses - estão prestes a libertar-se e com sede de vingança. Assim, Perseu vê-se obrigado a lembrar-se que é um semideus e a voltar às batalhas, a fim de evitar que o mundo acabe e assegurar a sobrevivência do seu filho.

Um facto adquirido é que os efeitos especiais são soberbos, como não poderia deixar de ser - contudo, não salva a película. Para ser uma obra cinematográfica minimamente razoável tem de ter uma história sólida, ou pelo menos ter uma história. O segundo filme simplesmente não tem argumento, ponto final parágrafo. Ao menos ainda podemos dizer que Clash of the Titans tinha, por mais incoerente que fosse. Acontece que este Wrath of the Titans nem um argumento per se, bem estruturado, tem. Não há uma estrutura narrativa sólida e bem definida, tudo acontece porque sim.  E aqui é onde me zango severamente, pois este é um exemplo daquele tipo de filmes que me irrita imenso. Tem tanto, tanto, mas tanto potencial; bastava ser melhor pensado e sem pressa, poderia seria incrível. Acho é que o argumento deveria ser encarado de outra maneira: melhor estruturado, melhor trabalhado, mais interessante. Aqui não posso deixar de comparar à saga God of War, pois esse jogo sim tem uma história de chorar por mais e com um princípio, meio e fim. God of War tem uma narrativa sólida e explosiva, e era o que se pedia aqui nesta Fúria de Titãs.

Já referi anteriormente que os efeitos são de topo e volto a sublinhar esse facto. Todos os cenários são de encher a vista. Destaco Chronos, que há semelhança do Kraken do primeiro filme, está muitíssimo bem feito. Chronos é tudo o que eu imaginava num possível filme do jogo God of War. Para quem não sabe, Chronos é um dos titãs que Kratos (o protagonista do jogo) luta, e é um dos melhores bosses para derrotar. E, no filme, proporciona excelentes momentos de acção. Contudo, considero que o último acto de Wrath of the Titans acaba por desiludir, foi tudo muito rápido.
Outro aspecto que devo referir é que me desiludi um pouco com os deuses Ares e Poseidon - imaginava-os mais "imponentes". Mas a conceptualização das personagens de uma maneira geral melhorou relativamente ao primeiro, aqui encontram-se melhor caracterizadas. Porém, e isso já tem a ver com falhas estruturais da história, as personagens não são devidamente bem exploradas. Falta aqui uma boa dose de profundidade e carisma.
Relativamente a interpretações de actores... o que se pode dizer? Sam Worthington demonstra mais uma vez a sua falta de vulnerabilidade e veste aqui a pele de Sam Worthington (and please, lose the hair!). Ralph Fiennes e Liam Neeson, dois grandes nomes, até que acrescentam algo a esta obra, mas nada de mais.

Para concluir, e à semelhança da minha análise do filme anterior, devo dizer que não é "crap of the titans" ou, neste caso, "wreck of the titans", mas desilude. Fica um pedido desesperado de alguém que não gosta de ver sagas mitológicas desperdiçadas e sem coerência alguma: Peter Jackson, quando acabares a trilogia The Hobbit começa a pensar num possível God of War.


EXAME

Realização: 5/10
Actores: 6/10
Argumento/Enredo: 3/10
Duração/Conteúdo: 6/10
Efeitos/Fotografia: 9/10
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 7/10


Média Global: 5/10

Crítica feita por Joana Queiroz



Informação


Título em português: Fúria de Titãs 2
Título Original: Wrath of the Titans
Realização: Jonathan Liebesman
Ano: 2012
Actores: Sam Worthington, Ralph Fiennes , Liam Neeson, Rosamund Pike

Trailer do filme:





VER TAMBÉM:

Clash of the Titans (2010), por Joana Queiroz
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