Depois do Cinema

World War Z (2013)

By Sarah - segunda-feira, junho 24, 2013
Tenho uma confissão a fazer. Admito que pertencia ao grupo peculiar de pessoas que desejaria que uma espécie de apocalypse ou invasão zombie se instalasse num futuro próximo, só para ver como era. Tolices, mas é verdade. Pese embora o facto da informação que acabei de partilhar ser ligeiramente preocupante, o que posso desde já adiantar é que, após a visualização deste filme, a minha opinião mudou drasticamente. Antes demais, falemos das minhas acepções a priori: Zombies? Muse na banda sonora? Brad Pitt a protagonizar? São indiscutivelmente elementos deveras interessantes que funcionam quase como fórmula mágica de perfeição. Sabia que era o filme para mim, e nessa medida, vi-o com as mais elevadas expectativas, embora reconhecendo que o conceito abordado não era propriamente  inovador.

A premissa do filme é simples, talvez até simples demais, sendo a história de Gerry Lane (Brad Pitt), um funcionário das Nações Unidas, que literalmente atravessa o planeta numa corrida contra o tempo para travar uma pandemia zombie que ameaça dizimar a própria humanidade. À primeira vista, é perceptível o potencial enorme da história que, bem desenvolvida, permitiria ao filme alcançar a grandeza. Terá conseguido?


   Não é segredo que filmes de zombies são o meu sub-género predilecto do terror. E o certo é que "World War Z" não é o típico filme de zombies. Ainda assim, fiquei agradavelmente surpreendida pelo facto de ter gostado tanto da abordagem do filme à temática, isto porque costumo ser bastante tradicionalista neste ponto. Zombies geralmente surgem como seres lentos e motivados pela suas necessidades básicas, enquanto que em WWZ aparecem como uma verdadeira horda visceral e extremamente assustadora pela sua rapidez de ataque, o que até acabou por ser das melhores partes do filme, uma vez que foi o que permitiu das cenas de acção mais espectaculares visualmente dos últimos tempos. Sem detrimento do que acabei de dizer, (mas até é um facto curioso), é no último acto do filme (cingida a uma pequena instalação da Organização Mundial de Saúde (OMS) no País de Gales) que o espectador acaba por sentir à flor da pele a máxima tensão e intensidade das cenas. Em termos gerais, a nível de acção, não há mesmo nada a apontar. Há que analisar os grandes pontos positivos da película, porque é inegável a competência na construção das sequências de acção de grande escala. É quase como angustiante, pois a atmosfera de tensão domina totalmente, embora também se sirvam dos sustos à base de impacto sonoro, o que são sempre eficazes. Isto tudo envolto numa banda-sonora extremamente oportuna e uma fotografia impecável, sendo pontos técnicos que excederam bastante pela positiva.

   
   Só que o filme acaba essencialmente por pecar pela previsibilidade e pela falta de desenvolvimento das personagens, em que pouco se torna possível estabelecer qualquer tipo de ligação emocional. A preocupação excessiva do realizador em dar ênfase à acção, prejudicou um pouco o filme nesse sentido, não obstante o nível espectacular das sequências. Mas se formos a ver, era essencialmente isso que era prometido com WWZ: um filme de acção repleto de suspense, capaz de proporcionar momentos verdadeiramente tensos de cortar à faca. Aí sim, supera qualquer expectativa, acabando por dar tudo aquilo a que se propõe. No entanto, o filme inegavelmente tornaria-se mais memorável se as personagens fossem menos esquecíveis, ou melhor desenvolvidas. Tudo aponta para considerar que WWZ prospera mais a nível visual do que a substancial. A nível de argumento, também há certos pontos, ou discrepâncias narrativas melhor dizendo, que não me deixaram indiferente. Mas isso também tem a ver com a falta de profundidade das personagens que me levou a inúmeras questões de porquê determinada situação estar a acontecer.


   Mas é Brad Pitt que acaba mesmo por ser a razão pela qual o argumento consegue de alguma maneira funcionar, na medida em que se esforça bastante para tornar Gerry Lane credível e relevante. Penso que fez um trabalho fantástico, conseguindo até superar o que lhe competia. Daniella Kertesz sobressai como a mulher soldado israelita, protagonizando a cena que mais me fez confusão durante o filme inteiro. A Mireille Enos é dada muito pouco tempo de antena, o que sublinha ainda mais a falta de construcção das personagens, e o desenvolvimentos dos laços familiares ficaram aquém das expectativas.

   Em suma, "WWZ" é um óptimo filme que supera qualquer expectativa (dependendo da com que se vai), dotado de uma energia frenética que não deixa ninguém indiferente, essencialmente para quem é fã do género. No entanto, um pouco mais de "empatia" pelas personagens poderia elevar o filme a um nível de clássico, ou quiçá, o melhor filme de zombies da década. Não deixo de recomendar!


EXAME

Realização: 7/10
Actores: 8/10
Argumento/Enredo: 6/10
Duração/Conteúdo: 7/10
Efeitos/Fotografia: 8/10
Banda Sonora: 8.5/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 7.5/10

Média global: 7.3/10

Crítica feita por Sarah Queiroz

Informação

Título original: World War Z
Título português: WWZ: Guerra Mundial
Ano: 2013
Realização: Marc Froster
Actores: Brad Pitt, James Badge Dale, Mireille Enos

Trailer do filme:


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TOP 10 Melhores - "Natural Horror"

By Sarah - sábado, junho 22, 2013

Decidi criar um novo TOP, desta vez de carácter ligeiramente mais específico do que os outros. Afinal o que é o Eco-Horror? Eco-horror, em sentido lato, é um sub-género do terror em que a Mãe Natureza simplesmente decide odiar a raça humana. Temos imensos filmes desse género, bastante bons por sinal, e outros até um pouco medíocres. Dentro do Eco-Horror, é possível sub-categorizar, destacando eu hoje o sub-género "Natural Horror". Os filmes do género "Natural Horror" são aqueles protagonizados por qualquer tipo de animais, mutantes, ou insectos, que se transformam em verdadeiros assassinos. 

Criar uma lista dos melhores filmes deste sub-género é um verdadeiro desafio, porque não são propriamente poucos. Aqui fica a lista dos filmes que considero serem os melhores. Posso ter deixado de parte alguns clássicos, mas é certo que também não vi todos os filmes existentes. Nunca é demais dizer que este tipo de listas são sempre subjectivas, no entanto, não hesitem em partilhar connosco a vossa opinião!


10. Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid (2004)


O verdadeiro apreciador deste género tem que admitir que "Anacondas" revelou ser a sequela perfeita. Sim, pode ser recheado de clichés e desfechos previsíveis, mas não consigo perceber o ódio ao filme. O argumento até é bastante interessante, e o desenvolvimento do filme acaba por ser até bastante aceitável. Sem dúvida que entretém.

Trailer



9. Alligator (1980)


"Alligator" tinha que constar nesta lista. Antes demais, fica a nota de que adoro o terror dos anos 80. Por acaso, filmes de monstros foram bastante típicos nesta altura. Em "Alligator", seguimos uma família que regressa a Chicago, em que o pai, querendo-se livrar do problema de criar o réptil que haviam adquirido na Flórida, decide que o melhor a fazer é pela sanita adentro. O que ele não conta, é que o réptil sobrevive, tornando-se num monstro gigantesco que alimenta-se da população...

Trailer



8. Lake Placid (1999)


Penso que seja o filme perfeito para dividir opiniões. Pese embora o facto de não ter dito muito destaque na altura em que foi lançado, creio que é um filme com pontos positivos suficientes para constar nesta lista: história minimamente interessante que consegue cativar, alguns sustos (embora clichés) e um elenco de luxo. Não deixa de ser uma escolha interessante de filme, pois é bastante razoável mesmo.

Trailer



7. The Rise of the Planet of the Apes (2011) 


Uma agradável surpresa, uma verdadeira lufada de ar fresco ao género! A história é evidente, para quem conhece a saga. Esta prequela centra-se em Will Rodman (James Franco) um cientista que tem como objectivo encontrar uma cura para o Alzheimer, doença esta que afecta o seu pai (John Lithgow). Para isso, está a desenvolver o produto Alz - 112, e começa os testes em chimpanzés. No entanto, começam a manifestar-se efeitos secundários imprevisíveis, tais como o desenvolvimento de uma inteligência extraordinária. Só que um incidente ocorre que faz com que o projecto seja posto de lado, para desagrado de Will e os seus colaboradores. É ordenado o abate de todos os chimpanzés, só que Will irá em segredo adoptar o chimpanzé Caesar (Andy Serkis), de longe sabendo que estaria a criar o futuro líder da revolução dos macacos. Imperdível.

Trailer



6. Rogue (2007)


Este género recentemente não tem visto grandes luzes, isto é, são raros os filmes hoje de boa qualidade. Não me obriguem a falhar do Piranha 3D porque é francamente triste. Acontece que, em "Rogue", houve um verdadeiro renascer do género, sendo de grande valor. Apesar de, à primeira vista, parecer mais do mesmo, crocodilo a comer pessoas, "Rogue" tem a preocupação de se consolidar bem na narrativa e dar um devido aprofundamento às personagens, o que são qualidades de louvar dentro do género.

Trailer



5. Tremors (1990)


"Tremors", ou em português, "Palpitações", é secalhar uma surpresa desta lista. Eu adoro este filme, sendo daqueles que podia dar três vezes seguidas na TVI que eu voltava a ver. Antes demais, traz-nos uma história bastante imaginativa, envolta num espírito humorístico bastante interessante. Em segundo lugar, ver o Kevin Bacon e o Fred Ward a lidar com monstros subterrâneos é entretenimento garantido! Infelizmente, sofreu de inúmeras sequelas que para mim eram perfeitamente dispensáveis, porque não têm nem sequer metade da qualidade do primeiro filme.

Trailer



4. Aracnophobia (1990)


Uma das abordagens mais inteligentes ao género "natural horror" foi sem dúvida a de "Arachnophobia". Uma mistura de horror com comédia, é certo, mas que causa os devidos arrepiozinhos na espinha. A premissa é simples, mas eficaz: uma aranha mortífera é descoberta na América, que acaba por se propagar, criando ainda mais aracnídeos mortíferos. Escusado será dizer que o verdadeiro terror instala-se...

Trailer



3. Jurassic Park (1993)



Clássico mais que inegável. "Jurassic Park" quebrou recordes de bilheteiras, tendo-se tornado um verdadeiro fenómeno de culto mundial. E não é para menos: é dos filmes que consegue gerar mais tensão em tão pouco tempo, sem nunca perder a preocupação de manter uma história boa e sólida. Relembro que a versão 3D já estreou nos cinemas!

Trailer



2. The Birds (1963)


Alfred Hitcock é o verdadeiro mestre do terror e suspense, e este filme é outro grande clássico do cineasta. "The Birds" conta-nos a história de uma jovem rapariga que se desloca até Bodega Bay, atrás de um potencial namorado. No entanto, em Bodega Bay começam a acontecer factos estranhos, como pássaros de todas as espécies começarem a atacar violentamente a população. Acho que o meu receio pessoal de pombas começou após a visualização deste filme.

Trailer



1. Jaws (1975)


Desta vez não temos um número 1 surpreendente. Do primeiro ao ultimo momento, Jaws consegue causar das mais variadas sensações, das quais destaco aquela inevitável de não conseguir respirar. Para além de um argumento bastante inteligente, em que andamos constantemente à deriva, Jaws é repleto de elementos que indiscutivelmente o colocam no topo desta lista. Não é só um óptimo filme de terror, nem só o topo desta lista... É sim dos melhores filmes dos anos 70, quiçá, de sempre...

Trailer

 




Menções Honrosas

Creepshow (1982)
King Kong (1933)
Piranha (1978)
Cujo (1983)
Deep Blue Sea (1999)




por Sarah Queiroz



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Stoker (2013)

By Sarah - terça-feira, junho 18, 2013

"Do not disturb the family.."

Não há perfeito exemplo hoje em dia de como um realizador pode fazer toda a diferença num filme, como em "Stoker". 
A estreia americana do realizador coreano Park Chan-Wook (Oldboy) não poderia ter sido melhor, e graças às suas características particulares, é uma obra visualmente brilhante. Não é segredo que sou acérrima defensora do cinema asiático, e felizmente o realizador não abriu mão da sua essência, tendo acertado gloriosamente neste filme. É dos realizadores com mais atenção ao detalhe que conheço, com movimentações inteligentes de câmara e composição perfeita das cenas. Sendo certo que não é uma película isenta de falhas, tem todos os elementos de suspense que decerto não vão deixar ninguém indiferente. No entanto, muitos dos fãs do realizador poderão ficar ligeiramente desapontados com a falta de profundidade que este filme, infelizmente, padece.

Em "Stoker" acompanhamos os acontecimentos que sucedem após a morte de Richard Stoker, seguindo o luto da jovem India Stoker (Mia Wasikowska), nitidamente perturbada, e Evelyn Stoker (Nicole Kidman), aparentemente desconsiderando tudo o que lhe rodeia. São abruptadamente "invadidas" pela presença de Charles Stoker (Matthew Goode), o enigmático irmão do falecido que até então se desconhecia a existência. Quando ele se muda para casa delas, imensos segredos vêm à tona deste estranho triângulo, em especial o passado obscuro de Charles Stoker.. 

Nicole Kidman e Mia Wasikowksa

O argumento ficou a cargo de Wentworth Miller (conhecido por protagonizar Prison Break), e apesar de ter um potencial inegável, tenho que ser franca; tenho ideia de que não poderia haver argumento mais elementar ou básico, não que seja totalmente mau, mas é demasiado genérico. Sem querer entrar em muitos detalhes para não estragar o visionamento do filme, deparei-me com certas discrepâncias narrativas incontornáveis. Não que, na generalidade, não seja eficiente, e até gostei do pormenor de ser carregadíssimo de duplas conotações, mas há certos acontecimentos durante o filme que não se percebe bem o porquê. Talvez seja intencional, para dar azo a inúmeras teorias, mas acho que poderia ter sido melhor desenvolvido ou explicado, acabando por sofrer de excesso de conteúdo pouco aprofundado. Penso que agora seja mais perceptível o que quis dizer com o filme ter sido praticamente salvo pelo realizador. O argumento é elementar, mas Park Chan-Wook pegou nele e conseguiu elevá-lo para outro nível, tal como era esperado. É uma característica que faz parte da sua assinatura cinematográfica, pois todos os detalhes idealizados pelo realizador quase que ganham força narrativa por eles próprios. 

Isto para não ter que mencionar, pois é efectivamente óbvio, que a fotografia é outro dos pontos fortes do filme. Está absolutamente excepcional e dominante, envolta em contrastes belíssimos. Mas estes são aqueles tais pontos técnicos que evidenciam a extrema qualidade do realizador, que não se poupa a detalhes para nos proporcionar uma verdadeira experiência cinematográfica. Já a banda sonora é outra adição ao leque de qualidades do filme.

Mia Wasikowska e Matthew Goode
Evelyn Stoker, é absolutamente bem interpretada por Nicole Kidman, que faz neste filme um papelão daqueles. Kidman consegue, de maneira perfeita, transmitir o quão problemática, frígida e vazia a personagem consegue ser. E as cenas com Mia Wasikowska reflectem exactamente isso. India Stoker não é das personagens propriamente mais simpáticas, mas tem a força exacta exigida para uma protagonista. Confesso que até agora não era grande fã de Mia, mas rouba totalmente o filme ao proporcionar-nos com uma actuação bastante eficiente e comprometida. A evolução da personagem é incrível à medida que a trama avança e nos vamos deparando com imensas questões: será Charles Stoker um vilão? Qual o motivo da aproximação de Charlies na família após o luto da morte de Richard? Porque é que India reluta em aceitar Charles na família? Charles Stoker é interpretado por Matthew Goode e, sinceramente, está exactamente como esperado. Sou grande fã do actor, e não via ninguém a desempenhar o problemático Charles como ele. Curiosamente, o papel era para ter sido interpretado por Colin Firth. Felizmente não aconteceu.

Para concluir, Stoker é um filme complicado de se enquadrar categoricamente. Tem elementos de diversos géneros, sendo das obras mais maduras do realizador, que continua a exercer uma influência gigante nos seus filmes tão característicos. É um filme que gera muita tensão que com certeza se irá tornar numa pequena pérola cinematográfica. É, sem dúvida, marcante, e não poderia deixar de recomendar!

EXAME

Realização: 9/10
Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 6/10
Duração/Conteúdo: 7/10
Efeitos/Fotografia: 8/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 7/10

Média global: 7.6/10

Crítica feita por Sarah Queiroz

Informação

Título original: Stoker
Título português: Segredos de Sangue
Ano: 2013
Realização:  Chan-wook Park
Actores:  Matthew Goode, Nicole Kidman, Mia Wasikowska

Trailer do filme:








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Mestres da Ilusão (2013)

By Sarah - domingo, junho 16, 2013


À imenso tempo que não me surpreendia tanto com um trailer como me surpreendi com o do "Now You See Me". As minhas primeiras impressões foram muito positivas, pois achei que me iria deparar com um filme bastante ousado e diferente. Mais uma vez acertei. Mas terá sido pelos bons motivos?

O que posso desde já adiantar, é que o filme não concretiza devidamente a fantástica premissa, rodeando-se de inúmeros obstáculos incontornáveis que quase levam o filme a alcançar o nível de mediocridade. O pouco conteúdo que "Now You See Me" tem, é exageradamente evidenciado, não sendo salvo pelas reviravoltas argumentativas ou até (curiosamente) por truques de magia. A ironia até é mesmo essa: o filme acaba por revelar-se uma grande (des) ilusão, pois apesar de começar espectacularmente bem, tornando-se inevitável criar-se algumas expectativas, tem um desenvolvimento fraco e um final anti-climático que nos leva a perguntar o porquê da última hora e meia ter sequer existido. Não me interpretem mal: o filme pode até ser "entertaining" e tem alguns aspectos positivos que acabarei por evidenciar, mas os aspectos negativos são demasiado gritantes. 

Sinopse (PUBLICO): Um grupo de quatro mágicos norte-americanos, liderados pelo carismático Michael Atlas, apresenta um espectáculo de magia nunca antes visto: primeiro surpreendem a audiência ao roubar, em tempo real, um banco em França e, em seguida, dividem os lucros pelas contas bancarias de cada um dos espectadores. Dylan Hobbs, agente do FBI, está determinado a puni-los pelos crimes e a detê-los antes que realizem o que promete ser um assalto de proporções absolutamente inesperadas. Com a agente Alma Vargas na sua equipa, Hobbs recorre a Thaddeus Bradley, célebre pela sua habilidade em desvendar os mais complexos truques de magia. Assim, enquanto a pressão aumenta e o mundo aguarda o grande e espectacular truque final, Dylan e Alma apressam-se para os deter. Porém, ambos estão conscientes que será difícil antecipar as suas jogadas e que, para os deter, apenas poderão confiar nos conselhos de Bradley e nos seus próprios instintos.


É frustante saber que tinha todos os elementos para ser bem sucedido, o potencial é inegável. Usar intrigas, magia e assaltos, são elementos dramáticos para criar um bom ambiente de suspense, e apesar de estar recheado deles, a execução foi péssima e o argumento sofrível, quicá ilusório. É perceptível que houve ambição no argumento, só que à medida que o filme se desenrola, parece que a imaginação dos argumentistas chegou ao zero. Não vou elaborar em profundidade para não estragar a "surpresa", mas digamos que a reviravolta que o final reserva é absolutamente ridículo, não fazendo qualquer sentido à luz de todo o enredo. Haverão de perceber o porquê.

Mas tudo tem a sua explicação; há efectivamente uma "raison d'être" para tamanha discrepância argumentativa. Acontece que Leterrier tem técnicas cinematográficas bastante particulares, em que a sua preocupação tornou-se, em demasia, ilustrar a verdadeira "magia", e não tanto em aprofundar o argumento ou até mesmo as personagens. Assim sendo, "Now You See Me", não é um filme propriamente profundo ou até mesmo substancial. Neste ponto nem sequer se compara ao filme de Christopher Nolan, "The Prestige". Mas nem tudo é negativo, porque apesar de considerar que o resultado obtido não foi o melhor, não consigo deixar de achar que estas falhas argumentativas poderão ter tido o seu grau de intencional. Talvez o realizador quisesse apenas cativar o público a níveis visuais e artísticos em detrimento de um bom argumento, o que, verdade seja dita, em alguns aspectos conseguiu ser bem sucedido. É inegável que o filme é um verdadeiro espectáculo visual, sempre pronto a impressionar o espectador, e por mais incoerências que tenha, há que dar mérito ao realizador por conseguir manter o ritmo frenético ao filme, e pelas tentativas de desafiar intelectualmente o espectador.


O grande trunfo do filme reside no seu elenco, em particular Jesse Eisenberg e Mark Ruffalo que conseguiram o impensável feito de credibilizar minimamente a narrativa. Tenho é que apresentar duas pequenas excepções: Isla Fisher e Mélanie Laurent. Não percebi bem qual foi concretamente o problema, se mau casting ou péssima escrita, mas o certo é que ambas não cumpriram nem sequer os requisitos necessários para desempenharem os seus papéis. A credibilidade foi uma qualidade que não lhes assistiu neste filme. 

Em suma, "Now You See Me" é um filme bastante rítmico e apelativo visualmente, que peca em total plenitude a nível da narrativa. Entretém, sem dúvida, mas será massacrado pelos mais exigentes; é salvo pelo seu elenco de enorme qualidade, e apesar de ter momentos engraçados, a sensação de saber a pouco irá ser inevitável, pela fraca exploração da narrativa.


EXAME

Realização: 5/10
Actores: 7/10
Argumento/Enredo: 4.5/10
Duração/Conteúdo: 6/10
Efeitos/Fotografia: 7.5/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 5/10

Média global: 5.8/10

Crítica feita por Sarah Queiroz


Informação

Título original: Now You See Me
Título português: Mestres da Ilusão
Ano: 2013
Realização:  Louis Leterrier
Actores:  Jesse Eisenberg, Isla Fisher, Morgan Freeman, Woody Harrelson, Mark Ruffalo, Michael Caine, Dave Franco, Mélanie Laurent.

Trailer do filme:




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