Depois do Cinema

sábado, 20 de outubro de 2012

Unthinkable - O Dia do Juízo Final (2010)



Há filmes que pouco sentido têm. Há outros que pretendem ter muito sentido, mas falham. E ainda há uma terceira categoria de filmes em que se conta uma simples história, e consegue-se transmitir, ainda assim, uma mensagem muito clara, sendo essencialmente o que conquista o espectador. É neste exacto aspecto que se enquadra Unthinkable, filme de 2010 que infelizmente só agora conseguiu obter distribuição nacional. É um filme que retrata de uma maneira brilhante a problemática "os fins justificam os meios?", que sem dúvida sublinha o carácter imprevisível e indecifrável do potencial do comportamento humano. A questão, muito basicamente, gira em torno de como poder resolver ou equacionar, as deficiências em relação aos direitos humanos, no que toca ao combate contra o terrorismo. Será que é admissível violar tais direitos, tendo em conta um fim maior? A colisão entre a defesa da dignidade da pessoa contra a segurança geral da população é evidente e frenética.

A premissa do filme não é mesmo mais do que isso: Depois de ter colocado três bombas nucleares em três cidades distintas, Yusuf (Michael Sheen), é capturado pelo FBI. Quem fica a cargo do interrogatório é a agente Helen Brody (Carrie-Anne Moss), que apenas tem algumas horas para saber do paradeiro das bombas antes da detonação. Só que, tendo pouco sucesso, só poderá contar com a ajuda do agente H (Samuel L. Jackson), um especialista em tortura, cujos métodos para obter as respostas são bastante controversos, ou até mesmo bárbaros, que irão pôr em causa bastantes questões éticas. Será preciso recorrer-se ao "impensável"? Acho que é evidente que se pode esperar aproximadamente 100 minutos de pura tensão. O que valoriza ainda mais o trabalho do realizador Gregory Jordan, foi a capacidade com que transmitiu o que pretendia, com um grau de realismo incrível, conseguindo apelar ao espectador relativamente a temáticas bastante pertinentes e actuais. É assustador, o carácter realista, porque não são poucas as vezes que se julga alguém até mesmo antes de se obter provas concretas. O filme consegue consegue ser bastante violento e perturbador, o que é capaz de ferir algumas susceptibilidades. Não será, nesse medida, dos filmes mais fáceis de assistir, especialmente quando Carrie-Anne Moss transmite da maneira perfeita o horror de presenciar aos tormentos fisícos sofridos por Yusuf (Michael Sheen). O problema do filme reside, talvez, nesse ponto, pois perde-se um bocado nas cenas de tortura em detrimento da narrativa, que não deixa de ser mediana, quando tinha o potencial de ser verdadeiramente excelente devido à temática abordada.


Sinceramente penso que o elenco não podia ter sido escolhido da melhor maneira, e está aqui outro dos grandes méritos do filme. Samuel L. Jackson é um verdadeiro senhor da representação, desenvolvendo com tremenda competência a sua personagem. Não é de surpreender, mesmo assim, dou todo o mérito ao actor por desempenhar tão intensamente uma personagem que, já por si complexa, não é fácil de tornar credível. Michael Sheen não fica certamente atrás: intrigante ao máximo, conseguiu captar a minha total atenção de início ao fim, no papel de um terrorista determinado que varia entre o ódio e o desespero nas suas acções. Carrie-Anne Moss também se apresenta bastante competente no papel da agente do FBI Helen, e na minha opinião consegue finalmente desligar-se e autonomizar-se do mítico papel em Matrix, onde desempenhava Trinity.

Resumindo, é um belo título para se ver, não obstante possuir os seus problemas. Tem as devidas qualidades, a destacar a forte mensagem que transmite, que faz com que valha a pena a sua visualização. Porém, apesar de ser um thrillher psicológico de elevada tensão com um potencial enorme, infelizmente nunca atinge o nível esperado. Mas que deixa o espectador a pensar... Isso deixa.


EXAME

Realização: 7/10 

Actores: 8.5/10 
Argumento/Enredo: 6/10 
Duração/Conteúdo: 7/10 
Transmissão da ideia principal do filme para o espectador: 7.5/10 

Média Global: 7.3/10 


Crítica feita por Sarah Queiroz 


Informação 


Título original: Unthinkable 

Título em português: O Dia do Juízo Final
Ano: 2010
Realização: Gregory Jordan
Actores: Samuel L. Jackson, Michael Sheen, Carrie-Anne Moss

Trailer:


1 comentário:

  1. Este filme devido à controvérsia tão pouco teve distribuição nos EUA. Há uma certa indecisão sobre o rumo que a narrativa deve tomar. De qualquer forma Samuel L. Jackson, é como (quase) sempre muito competente.

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