Depois do Cinema

domingo, 21 de outubro de 2012

Sherlock Holmes (2009)

Guy Ritchie deixa a guerra aberta entre gangsters e passa para o desafio subtil com o maior detective do mundo... a seguir ao Batman.

Confesso que nunca fui grande leitor das histórias do detective e o seu fiel amigo doutor criadas por Sir Arthur Conan Doyle (lembro-me de no 8º ano ter sido obrigado a ler em inglês um livro que punha o Sherlock e o Watson atrás de diamantes que afinal estavam escondidos na barriga de gansos... alguém que me comprove se tal história existe...), mas conheço as personagens. Fui ver este filme ao cinema com um grupo de amigos, porque foi o eleito da noite e eu pensei “Epá, o Robert Downey Jr.  é bacano- mas não é inglês...- , o Jude Law nunca me decepcionou muito, não deve ser muito mau”. O que mais me afligia era o nome do realizador: “Espera aí, mas o Guy Ritchie não faz filmes de tiroteios nos subúrbios londrinos? Será mesmo a pessoa mais indicada para contar uma história de mistério e investigação?”. A resposta é um redondo: SIM!

Estamos no final do século XIX. Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) é um detetive conhecido por usar a lógica dedutiva e o método científico para decifrar os casos nos quais trabalha. O dr. John Watson (Jude Law) é o seu fiel parceiro, que sempre o acompanhou nas suas aventuras. Porém esta situação está prestes a mudar, já que Watson pretende  casar com Mary Morstan (Kelly Reilly). Isto não agrada a Holmes, que não deseja o afastamento do colega. O último caso da dupla envolve Lorde Blackwood (Mark Strong), por eles preso ao realizar um ritual macabro que previa o assassinato de uma jovem. Blackwood já havia matado quatro mulheres e tem fama junto da população de ser um poderoso feiticeiro. Ele é preso e depois condenado à forca, mas é misteriosamente visto a deixar o túmulo onde o seu caixão foi deixado. Holmes e Watson são chamados para solucionar o caso e logo este se torna um grande desafio para o detective, que não acredita em qualquer tipo de magia. Pelo meio regressa Irene Adler (Rachel McAdams), uma ladra experiente por quem Holmes tem uma queda.

Acho que tenho que começar pelo óbvio: a química entre Downey Jr. e Jude Law. O filme não resultaria se a relação de irmãos de Holmes e Watson não nos parecesse verdadeira. E parece! Os actores relacionam-se muito bem, os diálogos e as discussões são fluídos e a sua amizade já é tanta que há literalmente uma cena em que Watson dá um soco a Holmes na cara! Digo-vos: são filmes destes que cada vez mais me fazem pensar que deveria existir um Óscar para “Melhor Dupla num Filme”.

Apesar de Mark Strong ser considerado um “vilão genérico” em todos os filmes que entra,penso que aqui não seja tanto assim. A sua performance não é por aí além, mas é competente e a história é de facto interessante, atirando-nos mistério atrás de mistério e roçando o sobrenatural sem deixar a realidade. E o melhor é que tudo nos é explicado e bate certo no fim. Os diálogos estão muitíssimo bem construídos, principalmente os monólogos de lógica dedutiva de Holmes, que até são bastante engraçados, principalmente quando interpretados com a mestria de Downey Jr. Rachel McAdams não está má, mas de facto podia estar muito melhor. E se queriam uma femme fatalle que de facto controlasse Holmes, teria sido melhor recorrerem a uma actriz mais experiente. O papel dela torna-se interessante não por ela, mas pela pessoa para quem trabalha e o seu plano...

Para além da parte de “investigação de detectives”, também temos direito a algumas cenas de acção e é aqui que se revela brilhante o contributo de Ritchie: este realizador sabe de facto dirigir cenas de acção bem coreografadas, visualmente apelantes e ,ao mesmo tempo, cómicas! Mata 3 coelhos de uma cajadada! Para além disso, faz um óptimo uso do slow motion, que nunca é utilizado ao estilo Zack Snyder só para dizer: “Olha para mim, tenho estilo!”. Antes, é utilizado nas cenas de acção para representar o planeamento de Holmes, que consegue sempre antecipar os movimentos do adversário (saliento a cena do combate de boxe!) e isto é feito de forma sublime! Quanto a cenas de acção cómicas, é ver Holmes e Watson a lutar (ou será fugir?) contra Dredger.

A banda sonora está a cargo de Hanz Zimmer. Palavras para quê... Este senhor faz sempre trilhas em que eu digo facilmente “Epá, isto é Zimmer!”, mas em que também consegue ser diferente. E nunca vi nada mais diferente do seu reportório habitual do que a música deste filme. Nem consigo descrever: é um misto de música de acção à la Zimmer com sons romenos e tonalidades de música folk irlandesa (até temos direito a ouvir a “Rocky Road To Dublin” dos Dubliners!). É Hanz Zimmer, mas com aquilo que também esperaríamos de um filme típico de Guy Ritchie! A junção é perfeita e enquandra-se muito bem no filme. É , de facto, das bandas sonoras mais detalhas e “distintas” que ouvi nos últimos anos. Que diabos, o Zimmer até foi buscar um piano partido para poder transmitir sons diferentes!

O único ponto menos bom são os efeitos visuais que, às vezes, vemos claramente que são CGI, principalmente no cenário utlizado na cena final, que é mesmo exagerado...

Outra coisa que essa, Sherlock Holmes é uma abordagem refrescante de Guy Ritchie aos filmes de investigação, mostrando que estes também podem ser cómicos, inteligentes e ter muita acção. E com o elenco que tem, está mais que recomendado!

EXAME

Realização:
 8/10


Actores: 8.5/10
Argumento/Enredo: 8/10
Duração/Conteúdo: 7.5/10
Banda Sonora: 8/10
Efeitos/Fotografia: 6.5/10
Transmissão da principal ideia do filme para o espectador: 8/10

Média Global: 7.8/10

Crítica feita por Rodrigo Mourão


Informação


Título em português
: Sherlock Holmes
Título original: Sherlock Holmes
Ano: 2009
Realização: Guy Ritchie
Actores: Robert Downey Jr.  , Jude Law, Mark Strong, Rachel McAdams


Trailer do filme:


1 comentário:

  1. Como leitor de todos os livros de Sherlok Holmes, eu não consegui assistir mais de 10 minutos de filme, de Sherlok Holmes mesmo só o título.
    E a propósito, existe sim um conto em que um ganso engole uma pedra preciosa.

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